Fala Espécies!
Nossa, estava com saudades do Arquivo Mitologia, ainda mais que o tema de hoje será sobre as criaturas mais amadas, estranhadas, raras e mágicas desse mundo, as sereias.
Quem nunca ouviu falar das famosas Sereias? As mulheres-peixe que encantaram o folclore nacional e internacional com seus mitos e características marcantes, não só pela sua fisionomia, mas por sua forma de se mostrar aos seres humanos. Podemos até pensar que é difícil encontrar uma sereia ou entrar em contato com uma, porém, é só você digitar o nome desta criatura em plataformas como o Youtube e o Google, que vários e vários posts, vídeos e notícias sobre avistamentos destes seres são encontrados.
Sereias são seres que podem personificar aspectos do mar ou seus perigos. Quase todos os povos que dependiam do mar para se alimentar ou sobreviver, tinham alguma representação feminina que enfeitiçava os homens e os atraía às águas até se afogarem. Existem diversas criaturas híbridas que possuem uma metade de seu corpo como de uma mulher, como: Górgonas (metade serpente), Hárpias (metade pássaro), Fadas (metade borboleta), Esfinge (metade felino), entre outros. É provável que o mito tenha tido origem em relatos da existência de animais com características próximas daqueles que, mais tarde, foram classificados como Sirénios. Os equivalentes masculinos das sereias são chamados de tritões, nomes de seres da mitologia grega que não estavam relacionados às antigas sirenas da mitologia. A mitologia grega foi a quem mais colaborou com o imaginário ocidental. Em 1100 A.E.A, eles criaram não só as sereias como as sirenas: mulheres-pássaros que causavam naufrágios ao distrair marinheiros com a voz. Diferentemente das mulheres-peixe, nunca se apaixonavam por humanos. Eram filhas do deus-rio Aquelo, criadas para serem amigas de Perséfone, filha de Zeus e Deméter. Eram tão lindas e cantavam com tanta doçura que atraíam os tripulantes dos navios que passavam por ali para os navios colidirem com os rochedos e afundarem. Odisseu, personagem da Odisseia de Homero, conseguiu salvar-se porque colocou cera nos ouvidos dos seus marinheiros e amarrou-se ao mastro de seu navio, para poder ouvi-las sem poder aproximar-se. As sereias representam na cultura contemporânea o sexo e a sensualidade. Na Grécia Antiga, porém, os seres que atacaram Odisseu eram, na verdade, retratados como sendo sereias, mulheres que ofenderam a deusa Afrodite e foram viver numa ilha isolada. Se assemelham às harpias, mas possuem penas negras, uma linda voz e uma beleza única. Algumas das sereias citadas na literatura clássica são:
Pisinoe (Controladora de Mentes)

Thelxiepia (Cantora que Enfeitiça)

Ligeia (Doce Sonoridade)

Aglaope
Leucosia

Parténope

Segundo a lenda, o único jeito de derrotar uma sereia ao cantar seria cantar melhor do que ela. Existe um trecho no coto de Franz Kafka, O silêncio das sereias, em que o autor escreve: "As sereias, porém, possuem uma arma ainda mais terrível do que seu canto: seu silêncio".
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Franz Kafka |
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Atargatis |
O espelho e o pente são os objetos que caracterizavam as sereias. Junto com os dragões, as sereias são um dos animais fantásticos mais representados no Românico Português. O fortalecimento das histórias, podem ser das histórias de marinheiros, que pensavam que tinham visto essas criaturas na espuma do oceano e do mar. A primeira referencia às sereias vem da Assíria (1000 A.E.A.): A deusa síria do céu, do mar, da chuva e da vegetação, também cultuada pelos romanos como Dea Syria. Deusa poderosa com atributos muito complexos, Atargatis podia ter várias representações. Como deusa celeste, ela surgia cercada de águias, viajando sobre as nuvens. Como regente do mar, poderia ser uma deusa serpente ou peixe. Podia ainda ser a essência fertilizadora da chuva, com a água vindo das nuvens e das estrelas. Ainda podia aparecer como a própria deusa da terra e da vegetação, cuidando da sobrevivência de todas as espécies. Um mito antigo descreve a descida de Atargatis do céu como um ovo, do qual surgiu uma linda deusa sereia.
Melusina é uma personagem da lenda e folclore europeus, um espírito feminino das águas doces em rios e fontes sagradas. Ela é geralmente representada como uma mulher que é uma serpente ou peixe, da cintura para baixo. Algumas vezes, é também representada com asas, duas caudas ou ambos, e, por vezes, mencionada como sendo uma nixie.
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Melusina |
Mami Wata é um panteão de espíritos ou divindades da água, adorados na África. Alguns devotos e iniciados têm relatado a antropólogos que Mami Wata é normalmente descrita em excessos. Ela possui uma beleza não humana, cabelos longos não naturais, e uma tez mais leve do que o normal. Também é descrita como uma sereia , que sua calda tinha uma cor esverdeada , e que se vissem muitos peixes em um local do Rio, diziam que a Mami Wata estava ali.
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Mami Wata |
Em sua igreja de Zennor, em Cornualha, uma sereia, está esculpida na lateral de um banco que data do século 15. A sereia de Zennor, é um conto de uma sereia que apaixonou-se por um rapaz e o atraiu para o mar.
Sereia de Zennor |
Existe um conto chamado Uma sereia lendária de Guam, este conto fala sobre a jovem Sirena, que viveu em Agana e que adorava nadar. Sirena foi amaldiçoada pela mãe a virar peixe. Mas a avó interveio e a transformação só rolou pela metade. A moça se tornou protetora dos marinheiros.
Estátua de Sirena em Agana |
As sereias são chamadas no Japão de “ningyo”, e as duas histórias mais conhecidas de ningyo são a de Amabie e a de Yao Bikuni. A palavra ningyo, formado pelos kanji “nin”, pessoa, e “gyo”, peixe, traduzida como sereia, é utilizada para designar as criaturas ocidentais metade peixe e metade humano e também as criaturas orientais que possuem características aquáticas e humanas. Com o torso e o rosto variando entre humano e peixe, as sereias nipônicas possuem dedos longos, garras afiadas e brilhantes escamas douradas, podendo variar em tamanho, desde o tamanho de uma criança a um adulto. Suas cabeças foram, por vezes, descritas como sendo deformadas, possuidoras de chifres, ou dentes proeminentes. Em outras versões, as sereias são descritas com uma forma que lembra a versão mais familiar de sereias ocidentais, mas com uma aparência sinistra, meio demoníaca. Segundo a lenda, são capazes de emitir um canto agradável como a canção de um pássaro ou o doce som de uma flauta. Mas, ao contrário das sereias das lendas do Atlântico e do Mediterrâneo, uma Ningyo do Pacífico e do Mar do Japão são criaturas horríveis, sendo consideradas como um pesadelo surreal ao invés de uma mulher sedutora. Porém, acredita-se que a carne de uma Ningyo pode conceder a imortalidade e, suas lágrimas transformam-se em pérolas e, quando consumidas, trazem a juventude eterna sendo, portanto, assunto de muitos contos populares, alguns assustadores.
Ningyo |
Iara ou Uiara (do tupi y-îara, "senhora das águas") ou Mãe-d'água, segundo o folclore brasileiro, é uma linda sereia que vive no rio Amazonas, sua pele é parda, possui cabelos longos e verdes, e olhos castanhos. Em uma delas, cronistas dos séculos XVI e XVII registraram que, no princípio, o personagem era masculino e chamava-se Ipupiara, homem-peixe que devorava pescadores e os levava para o fundo do rio. No século XVIII, Ipupiara vira a sedutora sereia Uiara ou Iara. Pescadores de toda parte do Brasil, de água doce ou salgada, contam histórias de moços que cederam aos encantos da bela Iara e terminaram afogados de paixão. Ela deixa sua casa no leito das águas no fim da tarde. Surge sedutora à flor das águas: metade mulher, metade peixe, cabelos longos enfeitados de flores vermelhas. Por vezes, ela assume a forma humana e sai em busca de vítimas.
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Ipupiara |
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Iara |
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