O Fim dos Likes

Imagem de Nilo Silva

 Oi amigues,

 Hoje eu vim aqui para falar sobre esse assunto que tanto "afetou" as pessoas, o fim dos likes no Instagram.

 Sabemos que o Instagram é a rede social mais usada no mundo, e é usada para diversos objetivos, como: Conhecer novas pessoas, começar seu próprio comércio, divulgar seu blog ou site, conhecer novas culturas ao redor do mundo, entre outras coisas. Com tudo isso, surge também a busca incessante pela beleza e, para muitas pessoas, a fama.

 Quando comecei a usar o Instagram, à menos de 3 anos atrás, meu foco principal era manter um laço mais forte com minhes amigues e conhecer novas pessoas. Porém, depois de um tempo, eu acabei me desvencilhando disso e me deparei com números. Eu queria muito ter mais números nas minhas fotos, por isso colocava cerca de 28-29 hashtags (número limite de tags) e ainda criava contas fakes para curtir as fotos da minha conta principal. Ter um blog não facilitou isso. Acabei não só ficando loucos pelos likes, como também fiquei louco pelo número de seguidores que eu tinha. As hashtags ajudavam a aumentar meu número de seguidores, mas nem sempre eles ficavam ali. Quando os números caíam eu ficava muito triste, e ficava dias procurando em sites como fazer para meu número de seguidores e likes aumentarem.

Imagem de Plantão News

 O Instagram perdeu o sentido pra mim depois que eu percebi que a maioria das empresas/marcas prezam pelos números que temos nas redes sociais. Eu queria fazer meu blog crescer, falando sobre escrita, gênero, sexualidade, política, livros, atualidade, misticismo, entre muitas outras coisas. Eu ainda quero ser reconhecido pelo meu trabalho. Comecei um canal no youtube, estou resolvendo algumas coisas sobre o Adsense do Blogger. Mas, você se preocupar mais em quantas pessoas você irá atingir com suas publicações do que a qualidade e o conteúdo delas, deixa tudo mais difícil.

 A razão pela qual o Instagram retirou a visibilidade dos likes é muito nobre. As pessoas estão se autodestruindo tentando alcançar o pico da forma mais rápida possível sem o material correto. A busca pela selfie perfeita, o ângulo mais bonito, o fundo mais colorido, o foco mais detalhado, as pessoas mais chiques, os lugares mais caros, tudo isso pode fazer com que sua foto ganhe muitos likes e que você consiga mais seguidores. Você passa a virar escravo das redes sociais com isso.

Imagem de Dom Total

 Você passa a ser reconhecido da forma errada. Você não mostra fotos tiradas de forma espontânea. Não mostra seu sorriso verdadeiro. Não mostra a história por trás do seu corpo. Não mostra o arco-íris por trás das suas lentes de contato. Não mostra as lutas às quais é obrigade a travar contra si mesme e o mundo todos os dias. Não mostra as lágrimas que chovem de seus olhos por você não ser quem gostaria de ser. Você sorri várias vezes para tirar uma foto bonita, e logo depois o sorriso se esvai junto às quase 49 fotos tiradas, cuja uma você ainda editou para ficar mais esteticamente bonita.

 Não estamos livres para sermos quem somos por trás das lentes da câmera. Essa dor é contínua, e as redes sociais não ajudam em nada. Eu digo isso, mas sei que nunca irei conseguir me desafazer delas. Ter Facebook, Twitter, Instagram, Snapchat, Whatsapp, diz aos outros quem você é. Sem uma conta no Instagram você não existe, ninguém sabe quem você é. Essa... sem dúvidas é a maior das torturas, ser invisível.

 Por mais nobre que sejam os atos do Instagram quanto à busca desgastante pela perfeição, não mudou nada. Se você acessar o Instagram pelo computador, você perceberá que ainda é possível saber quantos likes tem a foto das pessoas (descobri isso uns dois dias atrás).

Utilizei o IG da Luana, do blog Memorialices (@srtarouxinol) como exemplo.
Utilizando pelo computador ainda dá pra ver o número de likes e comentários
das pessoas só passando o mouse por cima da imagem.

 Além disso, acessando o Instagram pelo seu celular, as pessoas podem não saber quantas outras pessoas curtiram suas fotos, mas você pode se clicar nos nomes que aparecem do lado do "coraçãozinho".

Utilizei o meu IG neste exemplo (@tchankrova). Quando você clica na área
de curtidas da sua foto, você ainda pode ver quantas pessoas curtiram.

 "Ok, Ban, mas o que você quer dizer com tudo isso?", quero dizer que o sistema de ocultação de curtidas é muito falho. As pessoas vão continuar ansiosas e depressivas por causa de números, não importa o quanto tentemos. Além disso, não são apenas as curtidas e seguidores, mas também o conteúdo que encontramos no Instagram, Facebook e Twitter. Quem se sente bem vendo uma pessoa igual a você, com a mesma idade, mesmo tamanho e vivendo no ambiente, tendo um vida tão invejada?

 Você com certeza já se sentiu mal vendo a foto de um cara magro, alto, lindo, com abdômen definido, enquanto você é um garoto gordo, baixo, com zero amor próprio e autoestima, se achando um lixo só por estar respirando, podendo acarretar até anorexia.

 Ou já se sentiu mal por ver uma garota tão linda, com seios avantajados, bunda grande e curvas encantadoras, enquanto você é uma garota completamente ignorada, ridicularizada e depressiva, deseja todos os dias perder o máximo de peso possível, a ponto de virar bulímica.

Imagem de BBC News

 Ou já sentiu mal por ver uma pessoa em um hotel chique bebendo vinho caro, com um corpão de dar inveja, uma casa enorme, uma família linda, enquanto você nem emprego tem para sustentar a sua família e impedir que todos sintam fome.

 Existem muitos tipos diferentes de dores, que são sentidas por muitas outras pessoas que não se enquadram nas descritas acima. Será mesmo que o "fim dos likes" é algo que irá fazer com que as pessoas passem a ter uma vida melhor? Não.

 Dentro deste assunto de "conteúdo tóxico", podemos colocar também o Facebook, principal rede social utilizada para se propagar ódio e preconceito. Repleto de entulhos conhecidos como "memes" satirizando coisas completamente pesadas. Além de sempre acabar surgindo um link redirecionando para um post com um assunto tão pesado a ponto de acabar com o seu dia: Animais em risco de extinção, poluição, estupro, suicídio, morte, guerra, preconceito, depressão, ansiedade, entre muitas outras coisas que tornam o Facebook a rede social mais tóxica de todas.

Imagem de A Mente é Maravilhosa

 O Twitter pode não ser uma rede social tão tóxica, mas é nela que passamos a alimentar cada vez mais o nosso lado procrastinador. Horas e horas de produtividade são gastas para "retwittar" (compartilhar, na linguagem da própria rede social) coisas que não agregam em nada a vida das pessoas. O Twitter é o tipo de rede social onde as pessoas conseguem encontrar finalmente um espaço para poderem se abrir e contar tudo aquilo que lhes afligem sem serem julgadas. Mas, quanta dor você consegue compartilhar com o mundo? Quanta dor você consegue depositar em apenas 280 caracteres?

 O que faz das redes sociais algo necessário é a fuga da realidade, pois nada daquilo que você mostra é o que te define. Nenhuma legenda conceitual vai poder tornar a sua alma translúcida a ponto de nos fazer capaz de ver quem você é por dentro. Somos como covis de lobos amontoados pela neve. Há tantas estalactites dentro de nós, a natureza nos fez assim, nos fez perigosos, a ponto de machucarmos outras pessoas não intencionalmente. As pessoas podem se sentir afligidas ao ver nosso interior, sendo que o nosso exterior pode ser ainda pior, pois por fora nós somos quem quisermos ser, sem limites de caracteres.

"Eu sou muito mais forte,

Eles precisam ouvir o que

tenho a dizer. Existe um mar

maior para uma garota como

eu. Quando eu voltar, tente

mostrar um pouco de amor."

- Mermaid, Yuna

 Aconselho a lerem essa matéria da BBC sobre homens que sofreram com anorexia e bulimia: Clique aqui