Finalmente chegamos na parte 4 dos nossos posts sobre as criaturas mágicas que habitam o Brasil. Veja a parte 1 aqui, a parte 2 aqui e a parte 3 aqui.
→ Vitória-régia
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Arte de @janainaart |
A Vitória-Régia não é uma criatura, mas sim uma planta. Reza a lenda que, há muitos anos, uma bela jovem guerreira indígena chamada Naiá sonhava no dia em que a lua (Jaci) a levaria para o céu e a transformasse em uma estrela. Naiá corria pela selva toda noite, tentando alcançar a lua, mas nunca conseguia. Não comia e nem bebia, pois a única coisa que importava para a guerreira era alcançar sua amada deusa. Uma noite, Naiá parara para descansar à beira de um lago. A jovem viu no lago o reflexo da lua e se jogou nas águas, cega pelo seu sonho, e se afogou. A própria lua, compadecida com o sacrifício da indígena, transformou a jovem em uma estrela diferente de todas as outras que brilhavam no céu. A lua transformou Naiá na Estrela das Águas, a mais bela e única, a Vitória-Régia. Sendo assim, uma linda planta nasceu, com flores brancas e perfumadas que só abriam-se à noite, e ao nascer do sol se tornavam rosadas.
→ Boi Vaquim
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Arte de @reticolo_studio |
O Boi Vaquim é um ser místico que habita as terras de Rio Grande do Sul. Trata-se de um boi enorme, branco e alado; possui chifres de ouro e tem olhos de diamante. É conhecido por amedrontar qualquer campeiro, pois é capaz de soltar fogo pelas pontas dos chifres.
→ Cabeça de Cuia
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Arte de @awvas |
O Cabeça de Cuia é uma criatura outrora menino, chamado Crispim. O jovem vinha de uma família bem pobre e trabalhava de pescador para ajudar sua mãe. Um dia, Crispim infelizmente não conseguiu nenhum peixe para comer com sua mãe, voltando para casa triste. Sua mãe, compadecida, foi até a vizinha e pediu-lhe algo para que seu filho comesse. Porém, a mulher apenas recebem um osso de boi, e nada mais. A mãe, com o que ganhou, fez uma sopa rala, sem carne, misturada com farinha e osso para dar gosto. Porém, Crispim não aceitou ser servido com um pedaço de osso e atirou-o contra a própria mãe, tão forte foi o impacto em sua velha mãe que acabou matando-a. Porém, antes de morrer, a mãe de Crispim, remoendo-se de dor por causa de seu corpo fraco e cansado, amaldiçoou o próprio filho, transformando-o num monstro. Assim, arrependido de ter matado sua mãe, Crispim correu para bem longe. À medida que corria, sua cabeça crescia e crescia, tornando-se, assim, o Cabeça de Cuia. Diz-se que sua sentença agora era vagar seis meses pelo Rio Parnaíba e seis meses pelo Rio Poty. Não só isso, o jovem - agora um monstro - só seria libertado da maldição se conseguisse devorar sete moças virgens chamadas Maria.
→ Cabra Cabriola
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Arte de @Dani3lmatui |
A Cabra Cabriola é um monstro que personifica o medo na forma de uma cabra de aspecto monstruoso, que se alimenta de crianças. Assim como algumas criaturas, a Cabra Cabriola vivia lá em Portugal, mas conseguiu chegar no Brasil ao se esconder em navios cargueiros. A criatura invadia casas, roubava as criança e devorava cada uma. Diz-se que uma criança começava a chorar espontaneamente, era sinal de que a Cabra Cabriola estaria fazendo mais uma vítima.
→ Cavalo D'água
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Arte de @tom_arrow |
O Cavalo D'água é uma entidade que habita o Rio São Francisco. É conhecido como Cavalo do Rio e é sempre flagrado perseguindo embarcações. Acredita-se que o a criatura seja um parente de outras espécies místicas análogas, como o Hipocampo (Grécia) e a Kelpie (Irlanda).
→ Palhaço do Coqueiro
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Arte de @JJtheKlaun |
O Palhaço do Coqueiro é um espírito de um palhaço frustrado que vaga pela região de São Paulo pregando sustos nas pessoas. Seu nome era Coco, e ele trabalhava em um circo. Porém, não conseguia fazer ninguém sorrir. Enlouquecido, Coco fugiu do circo. Todas as noites de lua minguante, o palhaço subia em um coqueiro para observá-la, pois ela era a única que sorria para ele. Quando uma nuvem surgia tampando o "sorriso" da lua, Coco descia do coqueiro e buscava outros sorrisos: os das pessoas. Assim, o palhaço Coco vagava pelas ruas fazendo palhaçadas, caso a pessoa não risse, ele a castigava com a morte. E assim ele continuava até que a nuvem saísse da frente da lua.
→ João Galafuz
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Arte de @gorillaartfare |
João Galafuz é uma espécie de duende que aparece em certas noites, ao emergir das ondas, prenunciando a ocorrência de tempestades, afogamentos, medo, mortes e naufrágios. Trata-se do espírito de um caboclo que morreu antes de ser batizado, chamado João Galafuz. Embora ele apareça na água, é uma entidade ligada ao fogo assim como o Boitatá. João Galafuz é sempre visto como um halo de fogo azulado que brilha nas rochas.
→ Jacu Casamenteiro
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Arte de @claudiagarcia |
Jacu Casamenteiro é o nome de uma ave mágica brasileira. Conta-se que a tal ave era na verdade um pirata que havia se apaixonado pela filha de um português. O pirata queria conquistar o coração da moça, porém, o pai da mesma impedia o pirata de se aproximar da dama devido o combate que acontecia. O pirata vasculhou durante meses os arredores da casa da moça, tentando encontrar uma forma de se aproximar dela. Certo dia, o homem encontrou uma caverna e, ao atravessá-la três vezes, transformou-se em um jacu, assim, voando até a sua amada. A moça retribui os sentimentos do pirata e o casal ficou junto durante dias até que a jovem conseguisse escapar da vigilância de seu pai. Conseguido isso, ela atravessou a caverna e conseguiu se transformar em um pássaro também. Voando de volta ao navio pirata, o casal de pássaros se transformou num casal de humanos e viveram o resto de suas vidas juntos.
→ Alamoa
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Arte de Joe Santos |
A Alamoa é uma criatura que habita as praias de Fernando de Noronha. Trata-se de uma figura feminina que sai à noite nua e seduz marinheiros e pescadores. Ao atraí-los à sua moradia que fica no pico de uma montanha com seu nome, Alamoa se transforma em uma caveira e transforma suas vítimas em escravos-zumbis. O que repele Alamoa são as luzes de raios.
→ Cotaluna
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Arte de @lercio4life |
A Cotaluna é um espírito que assombra o Rio Gramame. Quando o inverno chega, ele surge na forma de uma sereia. Diferente de muitas outras sereias, a Cotaluna não canta. A morte aguarda aqueles que tiverem o azar de darem de cara com o espírito, pois ele mutila suas vítimas assim como Ipupiara. Trata-se de uma ondina bela, de pele branca, cabelos negros e olhos sedutores. Seu encanto é manifestado pelo olhar, que quando é visto hipnotiza qualquer um.
20 Comentários
Esperando o chupa cu ser tombado como criatura mágica brasileira hahahahA. Brincadeiras a parte, esses seus posts são lindos! Eu não conhecia nenhuma dessas criaturas, só as que tenho conhecimento são as mais famosos do Folclore.
ResponderExcluirChupa cu é lendário demais kkkkkkkkk obrigado pelo carinhoo ❤❤❤❤
ExcluirTemos um folclore bem rico! Não conhecia tais lendas.
ResponderExcluirAinda temos muito a desbravar em nossa história ❤
ExcluirNosso folclore é gigante! Um pais continental com tantos mitos e lendas que vão de horrendas a hilárias( ambas letais, ou você morre de medo ou de rir kkk), munição para terror e comédia. conhecia a Vitória-régia, mas é cada coisa tenebrosa kkkk. Se eu ainda criasse aventuras de RPG esse post seria muita munição para dificultar a jogatina!
ResponderExcluirAbraço :)
RPG é o meu amor todinho ❤❤❤
ExcluirEu amei a sua proposta, eu não sei se você conhece o Câmara Cascudo. Ele fez um compilado maravilhoso sobre o folclore em âmbito nacional que é de babar, embora eu não lembre se tem imagens tão bonitas quanto as suas!
ResponderExcluirAh, adorei saber que tem outras pessoas que amam falar sobre a mitologia brasileira ❤❤❤
ExcluirQue folclore maravilhoso que nós temos, deveria ser mais divulgado, confesso que não conhecia muitas das criaturas citadas e fiquei surpresa com a riqueza de personagens. A história do Cabeça de Cuia foi a que mais me impressionou, achei bem impactante.
ResponderExcluirMuitas pessoas ignoram o quão vasta é nossa cultura, infelizmente ❤
ExcluirEu sempre falo que adoro essa sua série "Arquivo Mitologia", é um assunto que me interessa muito e sempre encontro por aqui histórias e criaturas que eu não conhecia. Desse post só já sabia da história da vitória régia e lembro da minha avó contar uma história parecida com a do cabeça de cuia. A história do palhaço do coqueiro me deixou com medo. E as ilustrações do post são incríveis, gostei especialmente da que acompanha a história do Boi Vaquim e do João Galafuz.
ResponderExcluirObrigadooo ❤❤ Eu adoro descobrir cada vez mais sobre a nossa mitologia ❤❤
ExcluirNossaaaa! Muitas dessas criaturas eu não conheciaaaa. Já achei super interessante. Amei tanto esse post!
ResponderExcluirObrigadoo ❤❤❤
ExcluirNão conhecia nenhuma dessas criaturas. Nem mesmo esse palhaço coqueiro. E olha que moro em Sampa há anos. Senti falta da tal mulher de branco. Já vi dúzias de narrativas a respeito dela por aqui. Agora essa do cabeça de cuia é horrível. Gostei não. rs
ResponderExcluirbacio
Cabeça de Cuia realmente é uma criatura desprezível
ExcluirComo gosto de ler sobre criaturas mitológicas e do nosso folclore, muitos do que citou acima não conhecia e me despertou um grande interesse de me aprofundar os conhecimentos neles. Irei anotá-los para pesquisar com mais detalhes.
ResponderExcluirAdoro agregar mais da nossa cultura à mente das pessoas ❤❤❤❤❤❤
ExcluirPuxa, não conhecia a maioria dessas criaturas. E adorei conhecer todas (especialmente as mais "macabras"); ah, e vou já ler os outros posts pra poder conhecer outras tantas criaturas do nosso tão rico (e infelizmente, pouco explorado) folclore.
ResponderExcluirBeijinhos, parabéns pelo excelente post e tenha uma ótima semana.
Isabelle
https://blogalgodotipo.wordpress.com/
Ah, muito obrigadooo ❤❤❤❤
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