Como Morreram os Principais Filósofos da Grécia?

 Você já se perguntou alguma vez que fim levou os principais filósofos da Grécia Antiga? Bom, hoje na Corte das Artes, eu irei listar alguns dos mais conhecidos e o que os levou a se encontrarem com a morte em pessoa. Já adianto que alguns morreram de formas tristes, já outros morreram de formas bem estúpidas. Ainda assim, é curioso imaginar que a maioria não morreu por conta da idade ou por causas naturais.

Sócrates (469–399 a.C.) – Envenenado com cicuta

 Sócrates foi condenado à morte por "corromper a juventude" e "não reconhecer os deuses de Atenas". Ele foi levado a julgamento por um tribunal ateniense composto por cerca de 500 cidadãos. Mesmo tendo a chance de se defender, o filósofo manteve sua postura provocativa e irônica, o que irritou ainda mais seus acusadores. O tribunal o condenou à morte por uma pequena margem de votos.
 Em Atenas, a pena de morte era aplicada de forma "ritualística". Sócrates foi levado a uma cela, onde deveria beber um copo de cicuta, um veneno letal. Seus discípulos, incluindo Platão (que mais tarde relataria a cena em sua obra "Fédon"), estavam presentes e tentaram convencê-lo a fugir, mas Sócrates recusou. Ele acreditava que desobedecer à lei seria injusto, mesmo que a lei fosse contra ele.
 Quando bebeu a cicuta, seus discípulos começaram a chorar, mas Sócrates manteve a calma. O veneno paralisava o corpo lentamente, e ele morreu após sentir suas pernas e braços perderem os sentidos, deitando-se tranquilamente.

Platão (428/427–348/347 a.C.) – Causa incerta (natural ou doença)  

 Não há um consenso sobre a morte de Platão. Algumas fontes dizem que ele morreu pacificamente enquanto dormia, já idoso, com aproximadamente 80 anos; já outras sugerem que teria falecido durante um banquete, possivelmente enquanto ouvia música ou discutia filosofia; outra versão (provavelmente lendária) diz que Platão morreu em meio a uma festa de casamento; enquanto uma das deduções mais comuns envolta de sua morte explica que é possível que ele tenha sofrido de uma doença debilitante ou simplesmente morrido de causas naturais.

Aristóteles (384–322 a.C.) – Doença estomacal (ou suicídio?)

 Aristóteles morreu em exílio, provavelmente devido a uma doença no estômago. Algumas versões sugerem que ele se suicidou ao ver Atenas rejeitando sua filosofia. Após a morte de Alexandre, o Grande, em 323 a.C., Aristóteles enfrentou perseguições políticas em Atenas, já que era associado ao rei macedônio. Temendo sofrer o mesmo destino de Sócrates, ele deixou a cidade e se refugiou em Cálcis, na ilha de Eubeia, dizendo que não deixaria os atenienses "pecarem contra a filosofia pela segunda vez". Aristóteles morreu no ano seguinte à sua fuga, em 322 a.C., com 62 anos. Seu corpo foi enterrado em Estagira, sua cidade natal.

Heráclito (c. 535–475 a.C.) – Doença e tentativa de cura bizarra

 Heráclito sofria de hidropisia (acúmulo de líquidos no corpo). Ele tentou se curar cobrindo-se de esterco seco para "secar" a doença, mas morreu dessa forma, forma essa que é particularmente bizarra de se imaginar. Heráclito, conhecido por sua filosofia do "tudo flui" (panta rhei), sofria dessa condição em que o corpo retém líquidos de forma anormal, possivelmente causada por problemas renais ou hepáticos. Aparentemente, o tratamento não funcionou, e ele acabou morrendo sufocado ou devido às complicações da doença. O filósofo, que via a mudança como a essência do universo, encontrou seu fim tentando modificar seu próprio corpo de uma maneira trágica e absurda.

Pitágoras (c. 570–495 a.C.) – Morto em perseguição política

 Pitágoras fugiu de uma revolta contra sua escola e, segundo relatos, se recusou a atravessar um campo de favas (pois as considerava sagradas). No fim, ele foi capturado e morto. O filósofo fundou uma escola filosófica e mística na cidade de Crotona, no sul da Itália. Seu grupo, os pitagóricos, tinha influência política, o que gerou inimigos entre os líderes locais. Durante uma revolta contra os pitagóricos, a escola foi incendiada, e Pitágoras teria morrido no ataque ou fugido. Outra versão diz que ele conseguiu fugir do massacre, mas viveu em exílio e jejum, até morrer de fome e tristeza.

Diógenes de Sinope (c. 412–323 a.C.) – Causa incerta (mas com teorias curiosas)

 Diógenes supostamente morreu por ingestão de um polvo cru, por infecção ou até por ter prendido a respiração voluntariamente. O mais famoso dos cínicos tinha um estilo de vida simples e autossuficiente, já que ele pregava o desapego dos confortos da civilização. Algumas fontes sugerem que ele simplesmente morreu de velhice, por volta dos 90 anos, algo raro para a época.
 Diógenes desafiava convenções sociais e defendia um estilo de vida minimalista e autossuficiente. Ele ficou famoso por viver em um barril, andar pelas ruas de Atenas com uma lanterna "procurando um homem honesto"; e por enfrentar Alexandre, o Grande, dizendo para ele "sair da frente do sol".

Epicuro (341–270 a.C.) – Cálculo renal e dor intensa

 Epicuro morreu devido a um cálculo renal severo (provavelmente pedras nos rins ou infecção urinária), que causaram dores extremas em seus últimos dias. Porém, ele manteve sua serenidade até o fim, reafirmando seus princípios hedonistas da ataraxia (tranquilidade da alma) e o prazer como o maior bem.
 Na sua última carta, enviada a um amigo chamado Ídomeneu, ele escreveu:

"Foi no último e mais feliz dia da minha vida que escrevi esta carta, enquanto sofria de dores insuportáveis na bexiga e nos intestinos. No entanto, minha alma estava repleta de prazer ao lembrar-me de nossas conversas filosóficas."

 

Zenão de Cítio (c. 334–262 a.C.) – Suicídio

 Zenão teria tropeçado e quebrado um dedo, interpretando isso como um sinal de que sua hora havia chegado e se suicidou por asfixia. A morte do fundador do estoicismo ocorreu quando ele já era idoso e frágil, prendendo a respiração até morrer e aceitando o destino com serenidade.

Empédocles (c. 490-c. 430 a.C.) – Suicídio

 Empédocles teria se atirado no vulcão Etna, na Sicília, para se tornar um deus. Ele foi um filósofo, médico, poeta, legislador, professor, místico e profeta. Nascido em Agrigento, na Sicília, em 492 a.C., Empédocles sustentava que o mundo era composto por quatro princípios: água, ar, fogo e terra, atribuindo a estes elementos poderes mágicos, como ressuscitar os mortos e controlar o vento e a chuva.
 Segundo a história mais famosa, Empédocles acreditava ter alcançado um nível divino de sabedoria. Para provar sua imortalidade, ele saltou dentro da cratera do Monte Etna, um dos vulcões mais ativos da Itália. Os deuses, no entanto, não o tornaram imortal, e ele morreu queimado na lava.

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