A Lenda de Banshuu e os Sete Lobos

 Em um vale vivia Banshuu, um menino simpático que possuía olhos azuis mais adorados e buscados por reis de todo o continente. Banshuu era meigo e carinhoso, e tinha um fascínio enorme por felinos de todos os tipos, cores e tamanhos. Vivia com sua mãe, Margarida, e com seu pai, Jorgino, em uma casa linda perto da floresta. Os pais de Shuu trabalhavam num campo de girassóis, onde os colhiam para fabricarem óleos.

 Certo dia, Shuu ouviu o uivo de lobos perto da floresta onde estava e correu para casa. Mas, no caminho ele percebeu que quanto mais se aproximava de sua casa mais os uivos se intensificavam. Quando chegou perto do carvalho que ficava ao lado de sua casa, Banshuu viu uma fêmea de lobo deitada no solo de grama repleto de sangue chorando de dor. Shuu foi até a loba e percebeu que embaixo dela havia sete filhotes mortos. A loba agonizava de dor, desespero, medo e tristeza, então Shuu correu para sua casa - Que estava vazia, pois seus pais estavam trabalhando.- e pegou toalhas e panos e correu de volta onde a loba estava e a envolveu com os panos e a levou para sua casa junto com os filhotes mortos. Shuu pôs a mãe-loba na mesa de jantar e deixou os filhotes em uma cesta perto da janela. Ele tirou os panos que envolviam a loba e foi lavá-los, enquanto isso, a mãe-loba observava tristemente seus filhos banhados em sangue naquela cesta. Shuu voltou a atenção da mãe-loba para ele, que estava com um pano molhado na mão, e limpou-a da cabeça aos pés; limpou todo sangue que havia em torno dela e de seus filhotes. A pelagem da mãe-loba e de seus filhotes era branca amarronzado, quase um bege escuro, e seus olhos eram de um azul-ágata bem raro de se ver.

 Depois de limpar a mãe-loba e seus filhotes, Banshuu ouviu a porta se abrir e seus pais surgirem:

- Shuu, o que está acontecendo? - Perguntou Margarida, assustada.

- Mãe, me ajuda. Eu encontrei essa mãe-loba chorando debaixo do carvalho perto da nossa casa! Os bebês dela morreram. - Respondeu o menino.

- O quê? - Disse Jorgino - Pelos deuses, um animal tão lindo.

 Margarida foi até a mãe-lobo e a acolheu em suas mãos. Seus olhos verde-musgo encontraram os da loba, e a mesma se acalmou e deitou em sua palma. Margarida não pôde conter suas lágrimas e logo desabou. Perder um filho era como perder uma parte sua, da mesma forma com todo parente e amigo. Jorgino foi até a cesta, onde os filhote, já limpos, estavam. Na cabeça de Shuu, os lobos estavam dormindo em um sono profundo, cobertos pela noite, onde brincavam alegremente com as estrelas que sempre tentavam fugir deles na forma de cometas. Jorgino olhou atentamente para os filhotes, enquanto Shuu buscava um caixote de madeira para deixar mãe-loba repousar, e em um pulo, viu a pata de um deles se mexer como de reflexo perante ao frio, pois não estavam cobertos e estavam molhados. Jorgino se aproximou novamente dos filhotes e confirmou suas expectativas, um dos filhotes estava vivo!

 Jorgino chamou Margarida e Shuu para mostrar-lhes a razão de sua alegria. Os dois olharam esperançosos para o filhote e ele realmente estava vivo. Os três se alegraram e a primeira coisa que Shuu fez depois disso foi levar o filhote até a mãe adormecida. A mesma acordou com a carícia de Margarida em seu rosto e a mesma mostrou-lhe o pequenino, a mãe-loba levantou da mesa em um pulo na hora que viu seu filhote e começou a cheirá-lo como se estivesse tentando farejar alguma coisa que indicasse que o pequeno estaria vivo. E de fato ela farejou, pois começou a lamber o filhote da cabeça à cauda, e o melhor é que o filhote respondeu às lambidas quentes que o aqueciam-no. Jorgino, Margarida e Shuu ficaram felizes e se abraçaram e perceberam que agora, algo muito bom estaria por vir.