Pílulas | Hora do Cappuccino #20


Pílulas

Eu vivo esperando o dia em que não valerá a pena viver.
Eu sempre me olho no espelho pensando ver alguém com um reflexo mais bonito.
Eu sempre me renego a fingir sempre ver e ser,
Quando ninguém mais se importa com o que eu penso nesse recinto.

Eu sempre me esqueço daquilo que sempre me fez feliz.
E sempre me lembro das vezes em que você me fez chorar.
Eu sempre me lembro de como meu coração se dissolveu como giz,
E você fez tudo ao meu redor congelar e congelar.

Você acha que viver é algo bom?
Eu tomo pílulas para achar que isso é verdade.
Eu vejo asas de helicóptero em borboletas,
Acho que a loucura é o meu melhor estilo de liberdade.

Quantas pílulas você já tomou hoje?
Suas lembranças estão guardadas em um baú sem chave.
Morte, memória, perfeição, sanidade,
Paz, controle, beleza, verdade.

Quais dessas mata mais rápido?

Cabelos castanhos brilhando como ouro,
O sino bate em badaladas durando a noite toda.
E os fogos de artifícios se explodem e formam códigos,
E você sempre ocupada levando sustos imbecis como uma louca.

Tente me encontrar embaixo daquela ponte,
Onde nos entrelaçamos pelo concreto.
Cheios de marcas do nosso amor secreto,
Que se revelava com palavras de ‘Eu te amo’.

Vamos morrer de colapsos e AVCs.
Vamos renascer onde todos têm as pílulas como último recurso.
Vamos morrer, e você aí com seus ABCs,
Vamos mostrar que nem sempre a morte escorre pelo pulso.

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