Horas Mortas
Vou escrevendo tudo o que me livra da realidade.
Coloco o fone de ouvido, e me perco em melancolias,
Eu vou vagando e desbravando os confins de minha mentalidade.
Vejo campos de rosas negras direto da Turquia,
Um céu azul com nuvens cinzentas prontas para ungirem este solo.
Enquanto horas mortas me fazem sentir cada efeito desta epifania,
Me vem arrepios e sorrisos, levanto as mãos para receber os céus em meu corpo.
A água fria que me toca libera tantas sensações,
combinada à beleza obscura das rosas negras.
É como se eu mergulhasse no universo,
E, como uma deusa, dançasse a Dança Cósmica da criação através das eras.
Eu giro e me balanço como uma verdadeira bruxa e prostituta,
Apenas quero me deliciar com todo o poder que a natureza me deu.
Pulo e voo com o vento que me sopra, me sinto una,
Com toda essa força feminina e rebeldia, sou eu.
Viva em meio à tempestades e tornados,
Minhas lágrimas são belas e douradas como ouro.
Estou viva e morta, quente e fria, brilhante e ofusca, feliz e triste,
Minhas emoções mudam de cor e brilho, quando a lua está cheia no céu escuro.
É como se eu tivesse me encontrado finalmente depois de anos,
Em meio à destruição e reconstrução do meu ser.
Eu morro e me ergo novamente como a ave ígnea da ressurreição,
Sou tudo o que queria ser, quera ter e queria ver.
A majestade que reina nas sombras e na luz,
Poderosa, meu coração bate em uníssono com o coração dos deuses.
Não importa se é OM, pentáculo, ankh ou cruz,
Fui criada com a força, inteligência, amor e maldade de todos os seres.
Rápida como um raio no céu, leve como o ar,
Forte como uma mãe, fértil como a terra.
Fria como a neve, fluida como a água do mar,
Calma como o silêncio, rígida como pedra.
Eu destruo, sou pesada como um soco,
Sou frágil, adepta do aborto da dor.
Aquecida pelo amor, um obstáculo,
Grito com toda a minha força, amigável como uma flor.
Eu caio nesta terra, e deixo-a absorver toda energia que restou,
Respiro fundo, enquanto a chuva começa a parar de cair.
Abro os olhos, estou na biblioteca, o café esfriou,
Sala vazio, caderno escrito, só o que me resta é sorrir.
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