
"Nós temos que ser visíveis,
Nós não devemos ter
vergonha de quem somos.
Nós temos que mostrar ao mundo
que somos numerosos.
Existem muitas de nós lá fora."
Oi amigues.
Muito se fala sobre os vários eventos históricos que marcaram a comunidade LGBTQIA+, mas nem todas as pessoas que participaram ativamente em defesa dos nossos direitos são lembradas como aquelas que começaram as lutas pela vida de todas as pessoas do vale. Hoje, eu começo uma nova série no blog, chamada TRANScendendo Rivera. Sylvia Rivera é o nome de uma das ativistas trans mais conhecidas do mundo, imortalizada nos corações de milhares de transexuais, transgêneros e travestis.
Lembremos, amigues, de seu nome e sua história, pois hoje em dia, se temos os direitos que temos é por causa desta mulher.
Leia também: A Luta Transfeminista
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Imagem de NBC News |
Sylvia Rivera era uma drag queen latino-americana que por trás de sua personagem artística transpassava uma ativista gay e transgênero nas décadas de 60 e 70. Ela é muito conhecida não só por participar da revolta de Stonewall (de 1969), mas também por ter sido a pessoa que estabeleceu a organização STAR (Street Transvestite Action Revolutionaries / Ação de Travestis Revolucionárias nas Ruas) junta à Marsha P. Johnson, sua amiga e drag queen. Rivera era co-fundadora da Frente de Libertação Gay.
Em 2002, mesmo ano em que Rivera morreu, foi fundado o SRLP (Sylvia Rivera Law Project / Projeto de Lei Sylvia Rivera), uma organização de assistência jurídica que "trabalha para garantir que todas as pessoas sejam livres para determinar a identidade e expressão de gênero, independentemente de renda e raça, e sem enfrentar assédio, discriminação ou violência", no objetivo de dar acesso a serviços jurídicos a indivíduos gays, trans e com fluidez de gênero, além de ensinar-lhes habilidades de liderança e advocacia.
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Sylvia Rivera |
Infância
Sylvia Rivera nasceu e foi criada no Bronx, em Nova York, em 2 de julho de 1951. Ela era descendente de porto-riquenha e venezuelano. No início de sua vida, foi abandonada por seu pai biológico José Rivera, ficando orfã logo depois que sua mãe se suicidou quando ela tinha apenas três anos, sendo obrigada a morar com sua avó venezuelana. Esta a repreendia e espancava por seu comportamento afeminado, principalmente depois que Rivera começou a usar maquiagem na quarta série. O resultado de tudo isso foi Rivera fugindo de casa e sendo obrigada a viver nas ruas aos 11 anos de idade, se tornando uma prostituta infantil, trabalhando na área da Times Square. Tempo depois, Rivera foi acolhida por uma comunidade local de drag queens, que lhe deram seu nome, "Sylvia". Rivera se identificou com a arte drag queen e, posteriormente em sua vida, se consideraria transgênero. Durante toda sua vida, Sylvia Rivera sofreu abusos da polícia, sendo constantemente presa apenas por ser quem era e por como decidiu viver sua vida.
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Imagem de Washington Post |
O lado ativista de Rivera veio à tona no começo de 1970, depois que ela, aos 18 anos, ingressou na Aliança de Ativistas Gays, onde lutou com convicção pelos direitos dos gays e pela inclusão de drag queens como ela no movimento. Em muitos momentos de sua vida, Rivera teve que lutar muito contra seu problema com abuso de drogas. Devido a suas experiências, Rivera focou-se na área da advocacia, um setor com pessoas que invisibilizavam pessoas LGBTs, portanto, Rivera projetou sua voz para dar poder à comunidade. Ela lutou por si mesma, pelas pessoas de cor e pessoas LGBTs de baixa renda. Rivera usou sua voz para mostrar à comunidade que elus não estão sozinhes, assim, compartilhou suas histórias, dores e lutas, amplificando as vozes des membres mais vulneráveis da comunidade gay, sendo elus: Jovens sem-teto, drag queens, pessoas trans e detentos gays aprisionados.
Junta à Marsha P. Johnson, sua amiga e também drag queen, Rivera se tornou co-fundadora da Street Travestite Action Revolutionaries (STAR), uma organização que oferecia serviços à pessoas sem-teto, além de lutar pela SONDA (Sexual Orientation Non-Discrimination Act / Lei de Não-Descriminação da Orientação Sexual) em Nova York. A SONDA proíbe a discriminação com base na orientação sexual no emprego, moradia, acomodações públicas, educação, crédito e exercício de direitos civis.
Em 1973, em Nova York, Rivera, representando a STAR, fez um breve discurso no palco principal convocando os homens heterossexuais que estavam atacando membros vulneráveis da comunidade. Sylvia defendeu o que poderia ser visto como uma terceira perspectiva de gênero, dizendo que os prisioneiros LGBTs que procuram ajuda "não escrevem para mulheres, não escrevem para homens. Eles escrevem para a STAR".
Durante seus últimos cinco anos de vida, Rivera foi aclamada como a "mãe de todos os gays".
Imagem de Everyday Feminism |
20 Comentários
Que personalidade importante , até então nunca tinha ouvido falar sobre ela
ResponderExcluirParabéns pelo post
Obrigade! Ela é muita importante para a nossa luta ❤❤❤❤
ExcluirNão conhecia , adorei saber mais e que história!
ResponderExcluirNé! Muito bom conhecer mais sobre a Sylvia ❤❤❤
ExcluirQue vida sofrida... Nunca tinha ouvido falar... :(
ResponderExcluirAbandono, suicídio e prostituição marcaram sua vida desde tão cedo...
Espero que tenha encontrado cura interior para as dores do passado :(
Paula
Melhor comentário ❤ Obrigade ❤❤❤❤
Excluir"Sylvia Rivera sofreu abusos da polícia, sendo constantemente presa apenas por ser quem era e por como decidiu viver sua vida."
ResponderExcluirImagino como a vida dela deve ter sido difícil. Só que admiro a garra de mesmo assim ter seguido e lutado para ser quem é.
Não a conhecia, mas confesso ter achado a história interessante.
xoxo
Há tantas histórias esquecidas embaixo do tapete da humanidade. Abençoada seja Rivera ❤❤❤❤
ExcluirUau que pessoa!!! Não acontecia, mas ela realmente foi uma pessoa muito importante para a causa... merecido o título de mãe de todos os gays
ResponderExcluirExatamente! Concordo super ❤❤❤❤
ExcluirOi, tudo bem? Que post mais interessante. Ainda mais por poder aprender sobre quem foi essa pessoa e todas as suas contribuições. Acredito que a luta por igualdade e respeito começou a bastante tempo, e muitos nomes foram esquecidos ao longo dos anos. É triste pensar que as pessoas não têm liberdade de ser quem são. Um abraço, Érika =^.^=
ResponderExcluirAos poucos nós estamos mudando o mundo. Mesmo que demore, não irá ficar como está. Traremos à luz um novo mundo ❤❤❤❤
ExcluirAmei a ideia dessa sua nova série de posts! Eu, particularmente, não conhecia sobre a história da Sylvia Rivera. Adorei conhecer através do seu post, e vou ficar ligada aqui pra ler mais bons conteúdos! <3
ResponderExcluirAh, que bom! Seja bem-vinde ao Banshuu TV ❤❤❤❤
ExcluirManooooo, eu não conhecia sobre ela, ameeeei saber! Eu sempre fui de defender a comunidade LGBTQIA+, mas sabe que nunca tinha pesquisado pra saber mais sobre isso? Mas amei de vdd saber sobre a Sylvia.
ResponderExcluirMuito legal ver que tem tantas pessoas em prol da nossa causa, muito obrigade ❤❤❤❤
ExcluirEu não faço da comunidade LGBTQIA+, mas sempre tento me inteirar com isso, pois não é um assunto que deve ficar restrito apenas à ""bolha"" de quem faz parte dela. Não conhecia a história dessa mulher, ignorância minha (hehe). É tão bom saber que existiram pessoas assim, que lutaram pelos direitos de milhares de pessoas, e que até hoje são lembradas <3
ResponderExcluirRivera é um espírito imortal em nossas almas. É uma honra tomar como minha suas lutas ❤❤❤❤
ExcluirSylvia Rivera foi uma das maiores lutadoras do século XX. Pioneira na defesa dos direitos LGBT e na luta das pessoas trans, nunca baixou a cabeça ou a voz diante da injustiça e do preconceito.
ResponderExcluirA canção "Rivera" homenageia esta figura história de suma importância e celebra sua coragem.
Que seu grito rouco por igualdade ecoe para sempre!
https://youtu.be/gA2oRUIRRJk
Personalidade fascinante! Nunca havia sequer ouvido falar sobre ela. Uma pena que nosso mundo erga monumentos homenageando racistas ao mesmo tempo em que busca a todo custo calar essas vozes que lutam pela igualdade. Adorei o texto!
ResponderExcluirAbraços!
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