A busca pelo AMOR-PRÓPRIO e os GATILHOS da baixa autoestisma

Introdução

 Sinceramente, eu não lembro de quaisquer momentos da minha vida onde eu não odiasse o meu corpo. Desde criança eu nunca gostei da minha aparência e isso se estendeu por anos e anos até hoje. Dentre os membros da minha família, eu fui o único que mostrou uma nítida disforia pela própria aparência e estética (até onde eu sei).

 Sempre vemos casos de mulheres que sofrem com pressão estética e gordofobia, mas nunca vemos os homens que também sofrem com isso. Na verdade, algumas pessoas "inventaram" que é muito mais fácil pro homem viver sem se preocupar com a sua aparência do que para as mulheres - o que é mentira porque senão não haveria homens indo para a academia, e convenhamos que nem todas as pessoas malham para serem apenas "saudáveis".

 Uma das coisas mais difíceis que você vai ver sendo apresentado como pauta em debates sociológicos é a questão da bulimia e da anorexia no meio masculino. Não há representações de homens e garotos com essas doenças em filmes, séries ou documentários. As pessoas simplesmente criaram uma imagem do homem que o põe como um ser imbatível, despreocupado, nada frágil e inabalável. Mas não é bem assim...  Enquanto assimilarmos e propagarmos a invulnerabilidade masculina, mais homens e meninos irão retrair seus sentimentos, ignorar tudo de ruim que esteja acontecendo em suas vidas e se negando a buscar ajuda psicológica para resolver seus problemas.  O que eu busco nesta série é levar aos homens de todas as idades um lugar onde eles possam afirmar sua humanidade e abraçar seu sentimentalismo. Se pra você “homem não chora”, então talvez este blog não lhe apeteça tanto, mas é necessário que você conheça mais sobre o que está acontecendo no mundo masculino atualmente.  Eu espero que esta série sirva de ajuda para os jovens que estão sofrendo gordofobia ou lutando diariamente contra a pressão estética diária. Pode ser difícil no começo aceitar tudo o que apresentarei nessa série, mas o pior é não aceitar a si mesmo. Devo dizer que escrevo esse post para me ajudar também a começar nesse processo de amor-próprio, pois neste momento eu também estou nesta luta contra o meu corpo, tentando diariamente cessar os pensamentos ruins e aceitar quem eu sou.

Gatilhos

 Os gatilhos são “estalos” mentais que ocorrem quando algo exterior – como uma imagem, um vídeo, uma frase, uma palavra, uma música, um filme, etc. - provoca na pessoa um sentimento muitas vezes ruim. No meu caso, o que se relaciona a toda essa questão de amor-próprio, corpo e gordofobia, é ver imagens de k-idols sem camisa no Instagram. Eu sei, é bem idiota e bobo, mas é um gatilho pra mim.

 Na Coréia do Sul, o padrão de beleza é ainda mais opressor do que aqui no Brasil e em todos os lugares de lá você irá ver saúde e beleza sendo atreladas a um corpo magro, com gominhos e bem definido. Eu nunca tive esse tipo de corpo, e sempre quis ter pois achava lindo e super atraente. A taxa de obesidade da Coréia é uma das menores do mundo sendo de 4,5%. Lá, os corpos magros são muito mais valorizados e glorificados (o que não se difere muito aqui do Brasil).

 A tabela acima é sobre o peso ideal dos homens brasileiros e coreanos de acordo com sua altura. Eu, por exemplo, tenho 1,70 m, portanto, meu peso ideal é de 62 kg a 68 kg. Porém, eu estou com 69 kg, o que me coloca "acima do peso".

 De acordo com a minha altura (e com um pouco de análise rápida) dá pra ver que, como uma pessoa que tem 1,70 m de altura, meu peso ideal na Coréia seria em torno de 59 kg, ou seja, eu também estou super acima do peso de acordo com a média masculina coreana. Engraçado que se compararmos, o peso ideal corano para mim é 59 kg, mas se eu tivesse esse peso então eu estaria abaixo do peso ideal brasileiro.

 Eu acho engraçado como os nossos corpos simplesmente são analisados de jeitos diferentes de um país para o outro. Engraçado e deprimente.

 Talvez agora vocês saibam o porquê de ver homens asiáticos sem camisa e com um corpo definido me der um certo gatilho.

 Hoje em dia o que eu mais faço é dieta e exercício pra mudar isso, mas não consigo ir até o fim. Quando eu percebo isso, me sinto como um fracassado, como alguém que nunca será visto como alguém atraente para outras pessoas.

"Você merece todo o amor

que tenta dar aos outros."