Toda filosofia tradicional busca explicar diversas nuances da vida, como sua existência, sua forma e quais caminhos ela segue para manter o mundo em equilíbrio. Durante milênios, vários povos e culturas criaram suas próprias visões sobre as energias sutis que agem no planeta. Energias sutis, forças ocultas, princípios, leis... todas estas são formas de se referir a elementos não físicos que muitos acreditam serem responsáveis por compor a vida, como substância essencial, dos seres vivos.
Para apresentar essas ideias de forma sucinta, precisamos entender sobre cinco termos fundamentais associados a esse tema: Metafísica, Vitalismo, Bioenergia, Energia (ou Força) e Egrégora. E para explicar esses termos e explicar sobre as forças cósmicas, farei bastante uso do livro Glossário Esotérico (1994), lançado pela Editora Pensamento.
A metafísica é um termo de origem grega que significa "além da natureza física", e é tida como uma das disciplinas fundamentais para a compreensão da realidade e as diversas relações entre mente e corpo, substância e atributo e necessidade e possibilidade. A metafísica busca descrever os fundamentos, condições, leis, estrutura básica, causas, princípios, sentido e a finalidade da realidade. Essa disciplina possui duas ramificações centrais em seu estudo: a Ontologia e a Cosmologia.
Algumas das questões mais abordadas na metafísica são:
→ Há um sentido para a existência do mundo?
→ A organização do mundo é de fato essa que sabemos, ou existem outros mundos?
→ Existe algum deus? Se sim, como podemos conhecê-lo?
→ O espírito existe?
→ Há uma diferença fundamental entre mente e matéria?
→ Os seres humanos possuem almas imortais?
→ Os seres humanos possuem mesmo livre-arbítrio?
→ Tudo está em constante mudança ou há certas coisas que permanecem as mesmas?
Aristóteles, em sua obra Metafísica (IV A.E.A.), afirma que o propósito da metafísica é investigar as causas primeiras de todas as coisas. Contudo, em outros momentos, o filósofo diz que a disciplina busca investigar a realidade em seus traços mais abrangentes e universais.
Na Idade Média, a metafísica recebeu como um "adendo", o estudo de novos temas, como:
→ As investigações sobre a natureza de Deus e sua relação com o mundo.
→ As características mais abrangentes da realidade.
Já na Idade Moderna, os filósofos racionalistas adicionaram novos temas a serem estudados pela metafísica, como:
→ As relações entre a mente e o corpo.
→ As origens e fundamentos da realidade física.
Os racionalistas então cunharam o termo "ontologia", definida como a ciência do ser em seus aspectos gerais e abstratos, além de inaugurarem na chamada metafísica especial, três subdivisões:
→ Teologia Racional - Trata do Divino e suas relações com os demais seres.
→ Cosmologia Racional - Trata dos princípios fundamentais da constituição do cosmos, como a natureza da matéria, do vácuo e entre outros.
→ Psicologia Racional - Trata da substância espiritual e suas relações com a matéria.
O vitalismo é a crença de que todos os seres vivos se diferem dos seres inanimados por possuírem dentro de si um elemento não físico. Este elemento pode ser chamado de élan vital, centelha vital, energia ou alma, sendo o tema principal de muitas filosofias médicas, mais precisamente nas práticas tradicionais de cura, que exploram a ideia de que uma mazela é resultado de um desequilíbrio na energia vital do ser.
O princípio vitalista é estudado desde a época do antigo Egito, mas foi na Grécia que este tema passou a ser ainda mais explorado, recebendo alguns nomes como logos, clinâmen e pneuma. Anos mais tarde, o antropólogo Johan Friedrich Blumenbach, em sua obra An Essay on Generation (1971), explica a alma (ou "impulso formativo", como ele chama) como "um poder peculiar formado pela combinação do princípio mecânico com aquele que é suscetível de modificação".
Muitas práticas tradicionais de cura explicam a doença como o resultado de algum desequilíbrio nas forças vitais.
Tradições ocidentais associavam tais forças vitais aos quatro temperamento e humores. Já as tradições orientais associavam a um desequilíbrio ou bloqueio do qi ou prana. Semelhante a estes dois últimos, há a crença iorubá no axé.
Essas formas de vitalismo continuam a existir até os dias de hoje como posições filosóficas ou dogmas em algumas tradições religiosas.
Há ainda as terapias energéticas de biocampo associadas ao vitalismo, como a terapia Shen, a cura de chakra, o toque terapêutico, o reiki e o qi externo. Nessas terapias, o campo energético sutil do paciente é manipulado pelo praticante, sendo esta energia sutil existente a além da energia eletromagnética produzida pelo coração e pelo cérebro.
Energia é vida inteligente. Quando um universo vem à manifestação, do Logos Criador emanam três veios fundamentais denominados Logoi Maiores (ou Aspectos Divinos). Estes três Logoi não são, em si, os fogos, nem os Raios, nem as demais energias, mas sua fonte.
Do Primeiro Logos emana o impulso-vida do universo. É a força propulsora, motriz do ciclo de manifestação que se inicia. Desse impulso deriva-se a energia Ono-Zone e seus vários desdobramentos.
Do Segundo Logos emana o impulso-coesão, a força aglutinante que reúne as partículas de vida e as conduz pela trajetória evolutiva. Desse impulso deriva-se os Raios.
Do Terceiro Logos emana o impulso-atividade, a força do movimento da qual deriva-se a matriz do universo. Os elementos que o compõem é o que conhecemos como Fogos.
Os três Logoi Maiores são, ao mesmo tempo, o Três e o Um. Desse mistério decorre que cada impulso deles emanado contém os atributos dos demais:
Expressão do Primeiro Logos Maior:
Expressão do Segundo Logos Maior:
Expressão do Terceiro Logos Maior:
As expressões de uma energia correspondem ao estado de consciência de quem as contata e à vibração do meio no qual elas se manifestam. As energias são, em si, neutras e impessoais, sendo percebidas de maneira diferente pelo homem comum, por um Iniciado ou por um Logos, devido aos seus diferentes pontos evolutivos.
Portanto, da Fonte primeva origina-se a energia única, e esta se subdivide à medida que se exterioriza e se reflete em planos e dimensões, dos mais sutis aos mais densos. Ao transpassá-los, impregna-os com a qualidade da sua essência.
A bioenergia é, no espiritualismo, a energia primordial que habita tudo aquilo que existe, a vida que, quando condensada, forma a matéria. Ela recebeu diversos nomes de acordo com a cultura em que foi estudada e explorada. Através de ferramentas como a Acupuntura, o Do-In e o Shiatsu, se tornou possível interferir no funcionamento dessa energia. Com a criação de escolas e filosofias orientais (como a Yoga, o Qi Gong e o Tai Chi Chuan), seus praticantes desenvolveram a capacidade de absorver e manipular essa energia em seus corpos e de outros.
Cientistas modernos, como os parapsicólogos, vêm estudando a bioenergia e analisando sua conexão com fenômenos como a telepatia e a telecinese; e sua conexão com ferramentas como a meditação, a terapia floral e a kirliangrafia (fotografias que captam a aura do indivíduo).
A bioenergia está relacionada à saúde física e mental dos seres vivos, sendo assim, qualquer enfermidade pode ser detectada através do fluxo bioenergético de um organismo, isso antes mesmo da enfermidade se manifestar no corpo físico do ser vivo. Dessa forma, denomina-se cura o restabelecimento do fluxo bioenergético de um ser.
É possível captar energia através da alimentação, respiração, chakras, planetas, estrelas, pedras e cristais. Uma energia pode ser considerada bioenergia quando gradualmente se transforma e incorpora determinadas qualidades correspondentes aos seres vivos. Existem diversas técnicas que permitem a captação e transformação de energia em bioenergia, a maioria delas envolve apenas concentração, visualização e dedicação.
Os estudo acerca da bioenergia associam o Inconsciente Coletivo e a Memória Ancestral em suas práticas no intuito de ajudar os seres humanos a se enxergarem como o que são de verdade: seres energéticos tendo experiências humanas, ao invés de seres humanos tendo experiências energéticas.
De acordo com o site O Samaritano, a prática da bioenergia promove os seguintes benefícios:
• Acalma e reduz o estresse;
• Limpa e amplifica o campo energético;
• Purifica e remove as energias negativas;
• Auxilia no processo de recuperação de doenças de qualquer origem;
• Alivia dores;
• Melhora a autoestima;
• Auxilia no fortalecimento do sistema imunológico;
• Estimula pensamentos positivos;
• Minimiza a fadiga;
• Melhora a força interior e a confiança;
• Ajuda no sono;
• Promove o bem estar.
A egrégora pode ser definida de várias formas:
• Um conjunto de energias (físicas, emocionais e mentais) que formam uma aura universal de múltiplas dimensões;
• Uma força que se forma através de energias coletivas de pensamentos e sentimentos;
• Um campo de energias extrafísicas criadas no plano astral a partir da energia emitida por um grupo de pessoas através dos seus padrões vibracionais.
Egrégora também pode denominar uma entidade não física formada pelos pensamentos coletivos de um grupo distinto de pessoas. Uma forma-pensamento, ou manifestação psíquica, que ocorre quando qualquer grupo compartilha uma motivação comum.
Um bom exemplo de manifestação de uma egrégora é o chamado Tulpa, um objeto ou ser criado por meio da força do pensamento coletivo junto à força espiritual e mental. Um tulpa é um ser invisível que age de forma independente.
A teosofista Annie Besant, dividiu o conceito de tulpas em três classes:
• Formas semelhantes à pessoa que as cria;
• Formas que se assemelham a objetos ou pessoas, passíveis de serem animadas por espíritos da natureza ou pelos mortos;
• Formas que representam qualidades inerentes dos planos astral e mental, como as emoções.
Já o ocultista William Atkinson descreve estas formas-pensamento como objetos etéreos que emanam das auras que cercam as pessoas, gerados de seus pensamentos e sentimentos. Ele ainda explica como outros ocultistas produzem formas-pensamento de suas auras, servindo como projeções astrais que podem ou não se parecer com a pessoa que as projeta, assim como podem parecer com ilusões capazes de serem vistas apenas por aqueles que possuem sentidos extrassensoriais.
Forças Ocultas
Existem diversas forças que agem no nosso mundo, recebendo diferentes nomes de acordo com o local onde foi descoberta e estudada. Algumas das conhecidas são:
Kundalini
Kundalini (que significa "espiralado como uma serpente", em sânscrito) é a energia vital que no ser humano se aloja no chakra da base da coluna. No antigo sistema energético, esse "fogo serpentino" ia-se elevando no plano etérico ao longo da coluna vertebral, à medida que a consciência se trasladava de níveis primários (instintivos) até a união com o mundo espiritual (interior). Nessa ascensão, o kundalini ativa os chakras, purifica-os e desperta os dons que correspondem a cada um deles.
O termo 'kundalini' deriva-se de kundalin (que significa "serpente"), sendo um epíteto de Varuna, o Senhor das Águas, e regente da raça atlante. Esse fato denota que essa energia parte do circuito de um ciclo da Terra já ultrapassado.
O kundalini é uma energia de natureza feminina que se acumula no chakra muladhara, localizado na base da coluna vertebral. Quando essa energia é cultivada e despertada por meio da prática regular de canto de mantras, tantra, yantra ou asana, o indivíduo é conduzido à libertação espiritual.
Algumas outras formas de despertar o kundalini são a meditação e a respiração pranayama. Quando desperta, a kundalini é descrita como na forma de uma serpente subindo o chakra muladhara, seguindo pelo sushumna ao longo da coluna, até atingir o topo da cabeça, onde se localiza o chakra sahasrara.
Há quem diga que o despertar do kundalini faz com que visões sejam manifestadas, sendo relatado a aparição de novos mundos com maravilhas e encantos indescritíveis, planos após planos são revelados e o praticante obtém conhecimento divino, poder e bem-aventurança.
Chi
Na medicina chinesa, o chi é uma energia sutil que permeia todos os seres vivos. Em seu aspecto mental e psicológico, o chi se torna shen, que quando condensado e materializado, se torna xue (sangue) e outras substâncias vitais.
Há técnicas que trabalham o controle do chi, como o Qi Gong, que permite ao praticante fazer com que a energia interna e externa de seu corpo circule, podendo até – de acordo com especialistas – desenvolver habilidades psíquicas.
Outro método de controle do chi é o Reiki, a técnica de canalização da energia universal que é transmitida através do toque e da imposição das mãos. O objetivo da prática do reiki é restabelecer, por meio de limpeza, desbloqueio e ativação de seus chakras e meridianos, o equilíbrio energético vital do indivíduo a receber o tratamento, harmonizando-o energeticamente para ativar o sistema de auto equilíbrio e restaurar a saúde.
A captação de chi se dá por sintonização, onde a energia atravessa o chakra coronário do praticante, passando pelo chakra cardíaco, e daí é feita a distribuição para as mãos, por onde a energia é enfim transmitida para o próprio reikiano e para o outro indivíduo, animal, planta ou o ambiente.
Mana
Na filosofia maori, a mana é uma substância energética vital de elevada frequência, capaz de promover uma aceleração no padrão vibracional do nosso corpo e das nossas células, limpando o material emocional denso e acumulado pelas experiências da vida e de vidas passadas.
Tudo o que existe pode ter mana, não sendo uma fonte de poder, mas uma força intencional que pode ser cultivada e manipulada. Contudo, a mana não é uma energia universal, mas sim da natureza, e onde há natureza há mana.
Ter mana é ter influência, autoridade e eficácia. É uma qualidade espiritual, sagrada e impessoal que lhe torna capaz de atuar em determinadas situações. Mesmo objetos inanimados podem possuir mana, e esta energia protege seus praticantes, que dependem um do outro para o crescimento positivo e negativo.
A mana é um poder de cura, uma energia espiritual que pode existir até mesmo em lugares. Essa energia pode ser ganha ou perdida por meio das ações do indivíduo, sendo uma energia manifestada externa e internamente. A mana pode ser ganha através de pono (ações corretas), havendo dois caminhos para sua manifestação: sexual ou violento.
O equilíbrio foi formado na natureza através de duas divindades: Ku, o deus da guerra e da política, e Lono, o deus da paz e da fertilidade. Ku oferece mana por meio da violência, enquanto Lono oferece mana através da sexualidade.
Existem dois aspectos da mana em uma pessoa:
• Mana Tangata - Autoridade derivada da genealogia.
• Mana Huaanga - Autoridade derivada de recursos dados aos outros para ligá-los a obrigações recíprocas.
Orenda
De acordo com a medicina tradicional iroquesa, a orenda é uma energia espiritual que habita as pessoas e seu ambiente. Trata-se de um poder invisível extraordinário capaz de adentrar vários graus em todos os corpos animados e inanimados, como uma energia espiritual transmissível capaz de ser exercida de acordo com a vontade de seu possuidor.
A orenda é um poder coletivo das energias da natureza que se move através da vida de todos os corpos naturais. Tempestades, trovões, erupções vulcânicas, furacões, todos os fenômenos da natureza são associados a manifestações de orenda.
Existe uma forte conexão entre a orenda e o som. É dito que a orenda pode ser emitida e transmitida através da música, do canto de um pássaro, do saltitar de um coelho, do sussurro do vento, das voes da noite, do estrondo do trovão, do rugido de um tornado, do estalo de árvores congeladas e das orações de um xamã. Nos ensinamentos xamânicos, a ação (ou movimento) é considerado uma manifestação desta potência mística (orenda), e sendo a atividade acompanhada de sons, segue-se naturalmente a ideia de que sons e ruídos são interpretados como sendo uma evidência do uso ou apresentação de orenda no intuito de efetuar algum propósito pelos corpos que emitem sons.
Há nomes para se referir a indivíduos que utilizam da orenda, sendo alguns deles:
• Raréndio
wā'ne' - Indivíduo com um alto nível de orenda; xamã poderoso.
• Rarēndtio' - Indivíduo com um nível mediano de orenda; bom caçador.
• Tharèñdogè'ñni' - Um caçador que foi bem sucedido em sua caçada.
• Wa'tharèñdogè'ñni' - Um caçador que foi mal sucedido em sua caçada.
• Wa'hoñwarèñdogè'ñni' - Indivíduo que derrotou um oponente em um jogo de azar ou habilidade.
• Hatiréndio
wā'ne' - Xamãs muito poderosos contratados por um clã para azarar o outro em jogos públicos ou competições de habilidade ou resistência.
• Watreñdóñni' - Quando uma tempestade está se formando, preparando sua orenda.
• Iotreñdóñni' - Quando as nuvens da tempestade estão prontas para soltar seu estrondo.
• Hatreñdótha' - Profeta ou adivinho; aquele que derrama orenda; indivíduo que aprendeu os segredos do futuro; orenda aguda ou sensível, difícil de detectar.
• Ioreñdare' - Que possui orenda; indivíduo que utiliza sua orenda na obtenção de algum bem ou realização de algum propósito.
• Hoñwatreñdoñnieñni' - Homem que enfeitiça outro homem.
• Kareñdahétke' Wa'hório' - Indivíduo que morreu por conta de um feitiço maligno.
• Rotereñnóñte' - Aquele que está vestido em sua orenda; aquele que exerce sua orenda;
• Ratereñnā'ie' - Aquele que tem o hábito de orar.Prana
Na filosofia hindu, o prana é um aspecto de Ono-Zone que se apresenta como um princípio vital. Essa energia nutre o sistema energético do ser humano e de toda a vida planetária, nos vários reinos da natureza. O prana é transmitido aos seres pela rede de éteres que permeia os corpos físicos.
No Oriente, muitos desvelaram os segredos do prana e atribuíram feitos incomuns às suas manifestações. Diz-se que sua absorção diretamente das ondas cósmicas que penetram a aura da Terra dá ao organismo a capacidade de abster-se de alimentos materiais e de superar leis físicas, como a da gravidade.
Nos últimos tempos, métodos para a captação do prana foram explorados de maneira indevida e até comercializados. A elevação da polarização da consciência do eu pessoal para a alma ou para núcleos superiores permite a interação do ser humano com outros aspectos de Ono-Zone, que, mais sutis que o prana, despertarão novos potenciais.
Embora o prana esteja relacionado à respiração, não é isso que ele é de fato. Prana é uma energia que pulsa pelo corpo ao longo de uma rede de canais sutis do corpo. Os canais do corpo sutil (ou nadis) conectam a forma e a mente, agindo como um canal para o prana.
Algumas tradições identificam até de tipos diferentes de prana. Contudo, muitos mestres yogi explicam a existência de apenas cinco tipos de pranas que fluem dentro do corpo humano. São eles:
• Prana - É a energia que flui na parte superior do corpo.
• Apana Vayu - É a energia que flui na parte inferior do corpo.
• Samana Vayu - É a energia que flui na região do estômago.
• Udana Vayu - É a energia que flui na parte superior do tórax e na região da garganta.
• Vyana - É a energia que flui em todo o corpo, afetando a circulação sanguínea e as articulações. É dito que quando equilibrados, esses pranas permitem a qualquer corpo que respira despertar poderes inimagináveis. Existem 172.000 nadis funcionando no corpo humano. Despertá-los seria o mesmo que mantê-los carregados ao máximo.
A forma mais rápida e comprovada para permitir o fluxo de prana no corpo físico é utilizando do Pranayama (técnicas de respiração).
Alma
A alma é o núcleo do homem, intermediário entre a vida do espírito e a vida externa. À medida que evolui, a alma revela ao eu consciente a vontade espiritual, o amor-sabedoria e a inteligência ativa (estes três últimos sendo aspectos divinos cujas energias irradiam na proporção em que a alma as dinamiza em si mesma).
A alma tem um envoltório, um corpo, composto de material sutil. No homem comum, a alma é o núcleo liberto de ilusões grosseiras que se encontra mais próxima à vida concreta. É a parcela da sua consciência global que reencarna em corpos materiais para evoluir. Contudo, a alma também pode desenvolver-se no período em que não está encarnada. Embora até hoje nesta humanidade as encarnações tenham sido o meio mais eficaz de aprendizagem, isso tem se transformado devido à sua maior interação com os grupos internos e destes com as Escolas Internas. A existência essencial da alma até esta etapa transcorreu no nível mental abstrato. É a partir dos seus impulsos que o processo encarnatório é possível.
A alma tem como meta básica servir em conformidade com a lei evolutiva, incumbindo-se da integração da personalidade na corrente evolutiva superior e traz ao indivíduo as condições necessárias para que se reconheça como parte de um todo maior, e se incorpore no grupo interno a que pertence.
A alma é composta de um elemento ígneo, solar. Quando desperta ciente de sua verdadeira meta – a união com a mônada –, a alma vem à Terra para desenvolver trabalhos grupais em consonância com energias cósmicas que lhe são transmitidas por núcleos mais internos e por hierarquias. Enquanto encarnada em um ser humano comum, ao penetrar na esfera de existência material perde a memória de sua origem cósmica. Porém, à medida que se desenvolve e fortalece sua ligação com a mônada, vai fazendo com que essa ligação se reflita também em sua expressão no mundo formal.
A etapa evolutiva correspondente à livre expressão da alma já deveria ter sido atingida pela média da humanidade terrestre. Entretanto, poucos foram os que permitiram a esse núcleo assumir a condução de seus passos. Menor ainda é o percentual dos que manifestam a consciência monádica. Tal quadro está passando por mudanças profundas, e no ciclo vindouro a humanidade e o planeta estarão em patamares vibratórios mais elevados. Como preparo para essa nova etapa, a alma traslada-se gradativamente do nível mental abstrato para o intuitivo.
Quando consegue controlar o ego humano e absorvê-lo em si mesma – processo este que demanda uma série de encarnações e culmina na Terceira Iniciação –, a alma ascende a um nível superior. Sendo assim, prepara-se uma nova mudança de polarização da consciência. A primeira mudança foi do ego para a alma. Esta última será da alma para o corpo de luz.
Temas relacionados para estudo: elã vital, aura, apatheia, animismo, mundo da vida, astral, glândula pineal, mente, psi, esper.
Espírito
O espírito é um termo de amplos significados, podendo designar:
• A essência da vida, presente em tudo e em todos;
• A mônada, núcleo cósmico do ser;
• O corpo astral e mental de um indivíduo desencarnado.
Um outro nome utilizado para se referir ao espírito é o Éter. O éter se refere a certos subníveis do nível físico cósmico, nos quais se contatam civilizações intraterrenas e suprafísicas, sendo um estado mais sutil que o das partículas condensadas, a contraparte sutil do plano físico concreto e também os estratos superiores ao plano mental.
O éter, ou quintessência, é o pulsar da energia dos planos de consciência, o material que preenche a região do universo além da esfera terrestre. Éter, no grego homérico, significa "ar puro e fresco" ou "céu claro", sendo visto como a essência pura que os deuses respiravam, preenchendo o espaço onde viviam, muito semelhante ao oxigênio respirado pelos mortais. Não obstante, Éter é ainda o nome do filho do caos e da noite, uma divindade que seria a personificação do Céu Superior.
A quintessência surgiu do sistema elementar medieval, este que incluía junto ao éter os quatro elementos clássicos (ar, terra, fogo e água) e mais dois elementos que representavam os metais: o enxofre (a pedra que arde), que caracterizava o princípio da combustibilidade, e o mercúrio, que continha o princípio idealizado das propriedades metálicas.
A alquimia medicinal procurou isolar a quintessência e incorporá-la à medicina e aos elixires, devido às suas qualidades puras e celestiais, acreditando-se poder livrar qualquer indivíduo de impurezas e doenças através do consumo desses elixires.
Acredita-se que seja o espírito o responsável por unir os quatro elementos em um só, já que o espírito é formado pela união dos quatro. É o espírito que permite o bombear do sangue (água), a sustentação e a união da matéria com o corpo (terra), a inspiração de oxigênio (ar) e que permite aos seres sentir o calor da vida (fogo).
Fé
A fé é uma força que provém de níveis de consciência elevados. Na mônada, revela-se como bem-aventurança divina.
Para a fé permear os corpos externos do ser humano, é necessário que a mônada já tenha despertado e começado a atrair a alma para si. As raízes da fé estão nos núcleos internos que dão ao homem a consciência de estar vivo e de ser parte de uma vida maior e indestrutível.
A fé não é crença, nem está relacionada a movimentos religiosos ou manifestações emotivas de devoção. Seu poder transformador independe de circunstâncias externas. Quando emerge, a fé dispensa qualquer comprovação da realidade espiritual e leva o indivíduo ao conhecimento direto do que não pode ver ou sentir e sobre o que está além de seu pensamento.
A fé é simples, secreta, e muitas vezes está fora da esfera consciente. Sua existência é condição indispensável para se captar a instrução interna. Como a fé assegura a abertura da consciência à luz, mistérios se desvelam por seu poder. Ela permite superar obstáculos mentais, mostrando-se gradualmente e transcendendo a compreensão.
Essa força é um requisito quando se busca a cura espiritual, já que regenera o ser humano e acompanha seus passos na senda interior. Se a fé não está presente, a vida material permanece refratária à redenção.
A fé transmuta elementos grosseiros da aura dos homens e do ambiente, sendo portanto fundamental para a superação da lei do karma e para o ingresso em leis da evolução superior. Ela é a ponte entre a vibração material e a vibração imaterial, e possibilita o refinamento de componentes cerebrais. Quando irrestrita e incondicional, o ser humano se torna invulnerável às influências externas negativas, não importa quão fortes sejam.
Nos momentos em que é assediado por forças retrógradas, a energia da fé desperta nas suas células uma vibração sutil, luminescente, que as protege da ação dessas forças e as eleva pela aspiração.
Pensamento
O pensamento é o instrumento propulsor da manifestação nos níveis materiais. Considerando que os universos estão contidos numa Mente Única e que são expressões dela, essa asserção se aplica a todo o cosmos.
Uma obra sempre tem como semente o pensamento. Antes de qualquer ação ser executada pelo ser humano, a mente (subconsciente, consciente ou supraconsciente) transmite estímulos ao corpo físico. Da mesma forma, cada expressão cósmica – tanto um átomo como uma galáxia – origina-se de um "pensamento" da Fonte Criadora e evolui segundo ele.
É no reino humano que surge a capacidade intelectiva, a razão, o raciocínio. Os reinos infra-humanos obedecem de modo inquestionável a um "pensamento subconsciente", que emerge como instinto, com exceção dos animais próximos da individualização. Os indivíduos com mente simples e temperamento místico podem atingir certo grau de união interior, mas deverão completar sua formação mental, seja numa encarnação seguinte, seja em níveis internos. Cada corpo deve chegar ao ápice do desenvolvimento, a evolução individual é parte de outra, maior, e tem papel específico na consumação da obra universal.
O poder do pensamento é imenso, mas a humanidade terrestre ainda o desconhece. Isso de algum modo a preserva de causar maiores danos ao planeta e a si mesma, pois o aumento da capacidade criadora do pensamento, para ser positiva, deve-se acompanhar do desabrochar da intuição e da vida espiritual.
Pretender conduzir fatos ou interferir no destino de outrem, como ensinam várias escolas de "controle mental", é magia negra. Ao focalizar o pensamento no centro do ser e buscar a vontade superior que lá habita, a mente se ordena e fotalece de maneira segura e evolutiva.
No processo de elevação da consciência, o pensamento é de capital importância, pois determina o teor e a qualidade da energia dos corpos externos. Segundo uma lei oculta, "a energia segue o pensamento".
Carma
O carma é o conjunto de efeitos positivos, negativos ou neutros gerados por uma partícula ao interagir com o universo que a rodeia.
Há carma em diferentes âmbitos:
• Na interação do ser com a vida planetária, é resultado da lei da ação e reação (também denominada lei do carma material);
• Na interação do ser com a vida do sistema solar, é parte da lei evolutiva superior;
• Na interação do ser com a vida cósmica, é expressão da lei do equilíbrio. Toda ação fundamentada em energias do plano físico-etérico, do emocional ou do mental produz uma reação que retorna a quem a gerou, sendo denominados débitos cármicos os efeitos negativos, e débitos cármicos os efeitos positivos. O carma tem valor neutro quando a ação nesses planos é desencadeada por energias superiores.
A frase "o homem colhe o que semeia" descreve bem a lei do carma. É a partir do carma básico, preexistente ao nascimento físico, que o ser humano vai construindo a trama da própria vida. o ser humano está sempre criando carma e transformando-o segundo suas atitudes, desejos e aspirações.
O trabalho de equilibrar o carma é, por conseguinte, algo a ser feito durante toda a sua vida sobre a Terra. Para isso, o carma básico deve ser aceito, só depois dessa aceitação é possível transformá-lo inteligentemente.
Costuma-se empregar a palavra destino para traduzir o termo carma, que provém do sânscrito "karma", mas esse não é seu significado real. O carma é o resultado dos mecanismos de estímulo-resposta, de ação-reação, e portanto também da interação do homem com impulsos emanados de fontes imateriais. De um ponto de vista estrito, apenas deixa de existir quando a consciência se une à Fonte única de vida, quando já não há separação entre transmissor e receptor, nem diferença entre Criador e criatura.

Axé
Na filosofia iorubá, o axé (ou asé) é um poder dado por Olodumare a tudo o que existe, sendo capaz de produzir mudanças no ambiente onde se manifesta. Para que algo exista é necessário o axé, força vital essencial que pode ser utilizada por um alaase (aquele que aprendeu a usar o axé) para efetuar tais mudanças no mundo.
A cabeça, ou ori, é representado frequentemente como cinco vezes o tamanho normal em relação ao corpo, a fim de transmitir a ideia de que é esse o local do axé de um indivíduo. Os iorubás distinguem a cabeça externa (ode) e a cabeça interna (inu).
• Ode - Aparência física de uma pessoa, que pode mascarar ou revelar os aspectos internos.
• Inu - Qualidades internas, como paciência e autocontrole, que devem dominar as externas. O ori é o que liga um indivíduo com o outro mundo, sendo tradição na cultura iorubá a realização do imori, uma cerimônia ritualística feita após o nascimento de uma criança. Durante esse rito, um sábio determina se a criança vem da linhagem de sua mãe, de seu pai ou de um orixá.
O axé é utilizado por praticantes de religiões afrobrasileiras como uma conotação geral de afirmação de desejos esperançosos, como uma versão iorubá da palavra "Amém". Contudo, essa não é a única definição e uso desta palavra sagrada.
Axé também pode significar:
• Poder espiritual, antônimo de agbara, que é o poder físico;
• Energia sagrada dos orixás e das entidades espirituais;
• Local sagrado de um terreiro, localizado no centro do barracão (templo candomblecista/umbandista);
• Saudação ou agradecimento;
• Forma de desejar coisas boas às outras pessoas;
• Aquilo que sustenta um terreiro, que lhe dá força;
• Totalidade da casa de santo e de sua linhagem. Como força essencial e invisível, o axé obedece a algumas leis:
• É uma energia absorvível, desgastável, elaborável e acumulável;
• O axé é transmissível através de certos elementos materiais e substâncias;
• Uma vez transferido por essas substâncias a seres e objetos, o axé se mantém dentro deles e renova o poder de realização;
• O axé pode ser aplicado a diversas finalidades;
• A qualidade do axé varia de acordo com a combinação de elementos que o constituem e que são, por sua vez, portadores de uma determinada carga, de uma particular energia e de um particular poder de realização;
• O axé pode diminuir ou aumentar.
O axé pode ser classificado em três categorias: sangue vermelho, sangue branco e sangue preto.
• Axé de Sangue Vermelho - No reino animal, compreende o sangue animal e humano; já no reino vegetal, inclui o epo (azeite de dendê), o osun (pó vermelho extraído da pterocarpus erinacesses) e o mel (sangue das flores).
• Axé de Sangue Branco - No reino animal, compreende o hálito, o plasma, o sêmen, a saliva, o suor e outras secreções; já no reino vegetal, inclui a seiva, o sumo, o álcool, as bebidas brancas extraídas de palmeiras e de alguns vegetais, o ori (manteiga vegetal) e o iyerosun (pó esbranquiçado extraído do irosun); já no reino mineral, inclui os sais, o giz, a prata, o chumbo e entre outros.
• Axé de Sangue Preto - No reino animal, compreende as cinzas de animais; no reino vegetal, inclui o sumo escuro de certas plantas, como o ilu (sumo índigo extraído de diferentes tipos de árvores) e o waji (pó azul-escuro); já no reino mineral, inclui o carvão, o ferro e entre outros.
Para que o axé possa atuar, ele deve ser transmitido através de uma combinação particular que contém representações materiais e simbólicas do branco, do vermelho e do preto, assim como do aiye (terra) e do orun (céu).
"Aquele que é capaz de compreender não necessita de explicações,
e quaisquer que sejam estas, não se tornam suficientes para aqueles
que não estejam aptos a compreender."
- Helena Blavastky
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