Hollyweird: 10 Clichês Bizarros do Cinema Inspirados em Fatos Reais

 Muito se fala sobre os clichês que são reaproveitados de tempos em tempos, seja em filmes, seriados ou animações. Eu confesso, é legal ver o protagonista caminhar de costas para uma explosão, mas já parou pra pensar que essa cena pode ter sido inspirada numa história que aconteceu de verdade? É sobre isso que vamos falar hoje.

Hollyweird tem a intenção de lançar os holofotes da justiça e do humanismo sobre acontecimentos reais que foram banalizados, glamourizados ou abafados, sendo os protagonistas de tais eventos personalidades e figuras históricas que a elite hollywoodiana adora explorar, enquanto busca manter as aparências em frente a um turbilhão de descasos, conspirações, tragédias e escândalos.

 Ah, e sobre esse clichê (do personagem que caminha de costas para uma explosão), que é mais um "arquétipo moderno de invulnerabilidade" – o que me faz teorizar se clichês não seriam todos arquétipos – com certeza ele não surgiu do nada!
 Quando abrimos a Bíblia em Gênesis, lemos a história de quando os anjos de Elohim mandaram Ló e sua família inteira fugirem da cidade sem olhar para trás, enquanto Sodoma e Gomorra eram destruídas em fogo e enxofre. Infelizmente, a esposa de Ló olha para trás e se transforma em uma estátua de sal. Aqui, a ideia de não olhar para trás diante da destruição já aparece como símbolo de desapego, coragem e foco no futuro. Além disso, o ato de não se virar diante do caos pode simbolizar honra, confiança na própria força e indiferença ao destino.

 Passando agora para as tradições orientais, em alguns relatos budistas e taoístas, o mestre iluminado atravessa incêndios, tempestades ou batalhas em estado de serenidade, como se não fosse afetado pelas forças destrutivas ao redor. Isso lembra o herói do cinema que caminha calmamente enquanto tudo explode, como Wolverine (em Wolverine: Origens, ) e Chirrut Îmwe (em Star Wars: Rogue One).
 Não obstante, ainda existem relatos de soldados, líderes e mártires que se afastaram de execuções, explosões ou incêndios sem olhar para trás, seja por disciplina, bravura ou fatalismo. E é isso que eu mais gosto nesse clichê, ele condensa uma série de ideias: o herói está acima do perigo, ele não se abala com o caos, e ainda é tão poderoso que não precisa nem olhar a destruição que deixou.

1. Xenofonte – Anábasis (séc. IV a.C.)

“Eles avançavam em silêncio, em ordem, sem olhar para os lados, ainda que as chamas engolissem os campos e as cidades atrás deles. Pois sabiam que somente a disciplina os salvaria.”
(Livro III, adaptado de traduções)

2. Júlio César – Comentarii de Bello Gallico (séc. I a.C.)

“Mesmo enquanto as casas da cidade eram consumidas pelo fogo, nossos legionários recuavam em formação, sem que nenhum voltasse o olhar; pois tal era o costume de Roma: jamais se deter diante do que já estava perdido.”
(Livro VII, cerco de Avaricum – tradução livre)

3. Ernst Jünger – Tempestades de Aço (1920)

“A granada explodiu atrás de nós, e ainda senti o calor da onda de choque. Mas seguimos caminhando adiante, pois olhar para trás seria admitir o medo, e o medo não tinha lugar entre nós.”
(Capítulo V – relato da Primeira Guerra Mundial)

4. Ernest Hemingway – Por Quem os Sinos Dobram (1940)

“O som da explosão ressoou na montanha, mas ele não se virou. Continuou a andar, porque já não havia nada lá atrás que pudesse mudar.”
(Capítulo 42, tradução livre)

5. Euclides da Cunha – Os Sertões (1902)

“E iam saindo das choupanas que ardendo desabavam, com passos firmes, sem se voltarem para o incêndio. O olhar perdido adiante, como quem caminha para o inevitável.”
(Parte III, A Luta, Capítulo V)

6. John Hersey – Hiroshima (1946)

“Alguns caminhavam como que hipnotizados, em linha reta, sem olhar para trás, ainda que atrás deles a cidade inteira ardesse em chamas.”
(Capítulo 1)

7. Atas dos Mártires Cristãos (sécs. I–IV)

“E Policarpo avançava para a fogueira sem olhar para trás, com semblante sereno, como quem se dirigia não à morte, mas a um banquete.”
(Martírio de Policarpo, cap. 9)

1. Personagens com lâminas no lugar das mãos

 Personagens como o Deadpool (Wolverine: Origens, de 2009), Edward Mãos de Tesoura (1990), Fault Zone (Marvel Nemesis: Rise of the Imperfects, 2005), Ash Williams (Army of Darkness, 1992) e T-1000 (O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final, 1991) são conhecidos por terem como singularidade seus punhos que foram substituídos por algum tipo de lâmina. Mas de onde veio esse arquétipo de Mãos de Lâminas?

 É óbvio que eles foram inspirados em um personagem histórico chamado Galvarino, mas para entendermos como essa inspiração ocorreu, é preciso conhecer a obra 'La Crónica de los Reinos de Chile' (A Crônica dos Reinos do Chile), escrito pelo soldado e historiador Jerónimo de Vivar em 1558, que descrevia detalhadamente os acontecimentos que se sucederam durante a viagem do governador Pedro de Valdivia até Tucapel para conquistar o Chile. Mais importante que isso, a obra inclui detalhes sobre a fundação de várias cidades (como Santiago), mas também sobre a resistência indígena que se estabeleceu no país antes, durante e depois de tal "conquista".
 Aqui na Corte das Artes, uma das virtudes que eu prezo bastante é o chamado indigenismo, que é um movimento filosófico que defende a necessidade de se comungar com os saberes e tecnologias dos nativos, aprendendo a preservar o que temos e preparar um assentamento honroso para os que estavam aqui muito antes de nossos ascendentes invasores chegarem nestas terras. É por essa razão que, quando vemos Hollywood utilizando repetidas vezes personagens tão parecidos com Galvarino, se faz crucial a discussão da história sanguinária e triste que foi escondida nos subtextos dos roteiros.

 Galvarino foi um grande herói e guerreiro Mapuche que lutou bravamente na Batalha de Lagunillas contra o governador García Hurtado de Mendonza. Como forma de punir o ato, Galvarino e alguns outros dentre os 150 prisioneiros foram condenados à amputação, tendo a mão direita e o nariz decepados, enquanto outros tiveram suas duas mãos decepadas... e Galvarino foi um destes.
 Após o ato hediondo, os espanhóis libertaram os guerreiros para que retornassem ao seu povo e servissem como um aviso sobre o que os esperaria caso não aceitassem se submeter aos inimigos. Em seu retorno, Galvarino clamou por justiça perante seu toqui (líder) Caupolicán e o conselho de guerra, mostrando seus braços ensanguentados, e com a chama de Lautaro ardendo em seu peito.
 Foi com essa atitude que Galvarino foi nomeado como comandante de um esquadrão, recebendo facas acopladas aos dois pulsos em carne viva, como se fossem suas novas mãos. Ele lutou ao lado de Caupolicán na Batalha de Millarapue, onde até conseguiu neutralizar o segundo no comando, mas ao confrontar o próprio Mendonza, Galvarino encontrou sua ruína ao ter sua defesa quebrada pelos espanhóis. O conflito durou mais de uma hora e terminou com a vitória dos conquistadores, a morte de 3 mil mapuches e a captura de mais de oitocentos, incluindo o próprio Galvarino.
 Há quem diga que o guerreiro foi jogado aos cães para ser despedaçado vivo, mas no livro La Araucana, de Alonso de Ercilla, o autor explica que a verdadeira sentença de morte de Galvarino foi por enforcamento.


2. Personagens femininas que se banham em sangue de outras mulheres

 Personagens como a Condessa Von Marburg (Salem, 2015), Sra. Bathory (O Albergue: Parte II, 2007), Madame Delphine LaLaurie (American Horror Story: Coven, 2014), Rainha de Sangue (2015) e Carmilla (Castlevania, 2017) foram claramente inspiradas na Condessa Sangrenta, Isabel Bathory.

 Elizabeth Báthory de Ecsed nasceu em 7 de agosto de 1560, em Nyírbátor, no Reino da Hungria. Era filha de Barão György Báthory de Ecsed e de Anna Báthory de Somlyó, pertencendo a um dos mais poderosos ramos da influente família Báthory, que possuía conexões tanto com o poder húngaro quanto com o trono da Transilvânia. Sua família era tradicionalmente de fé protestante calvinista, o que a colocava em contraposição ao catolicismo dominante nos Habsburgo.
 Desde cedo, Elizabeth foi educada nos costumes da nobreza, instruída em línguas (latim, alemão e grego), leitura e etiqueta aristocrática — algo incomum para mulheres da época.
 Ainda na infância, sofria de convulsões que hoje se supõe poderem ter origem em epilepsia, possivelmente agravada pela consanguinidade comum entre famílias nobres. Há relatos de que, como tratamento, utilizavam-se práticas rudimentares, como o uso de sangue animal ou humano — porém, essa associação direta entre sua doença e os crimes futuros pertence mais ao campo das lendas do que da história.
 Em 1571, quando tinha 11 anos, foi prometida em casamento a Ferenc Nádasdy, herdeiro de outra família nobre influente. O matrimônio ocorreu oficialmente em 1575, quando Elizabeth tinha 15 anos e Ferenc, 20. O casal passou a residir no Castelo de Csejte (Čachtice, atual Eslováquia). Enquanto Ferenc combatia os otomanos, Elizabeth administrava as vastas terras da família, tornando-se uma das mulheres mais poderosas do Reino da Hungria.

 A partir da década de 1600, começaram a circular rumores de crueldade por parte da condessa em relação a seus servos, sobretudo jovens criadas. Ferenc, que faleceu em 1604, é por vezes descrito em tradições populares como cúmplice ou incentivador de castigos severos — embora isso não seja comprovado documentalmente.
 Após a morte do marido, Elizabeth passou a ser acusada de uma série de atrocidades, incluindo torturas elaboradas e assassinatos de servas, e, mais tarde, de jovens da pequena nobreza. Os relatos variam, mas entre os nomes de suas supostas cúmplices aparecem Anna Darvulia (mencionada como confidente e possível instigadora), Erzsi Majorova, além de servos como Ilona Jó, Dorottya Szentes (Dorka), János Újváry (Ficko) e Katalin Beneczky.
 Em 1610, por ordem do rei Matias II, o palatino György Thurzó conduziu uma investigação contra Elizabeth. No final de dezembro daquele ano, ela foi formalmente detida em seu castelo. Seus cúmplices foram julgados e condenados à morte em 1611; já Elizabeth, devido à sua posição nobre, foi sentenciada a prisão perpétua em seus aposentos no Castelo de Csejte, onde foi murada em um quarto com apenas uma pequena abertura para ar e comida. Elizabeth Báthory morreu em 21 de agosto de 1614, após quase quatro anos de confinamento.
 Apesar das acusações — que incluíam o número lendário de 650 vítimas, baseado em uma suposta lista encontrada entre seus pertences —, a veracidade desse dado nunca foi comprovada, e muitos historiadores modernos consideram que o caso pode ter sido amplificado ou mesmo manipulado por razões políticas, econômicas e religiosas. A condessa foi alvo de uma das maiores campanhas de difamação de seu tempo, e não existe registro direto de que ela tenha sido flagrada cometendo os crimes que a tornaram célebre como a “Condessa Sangrenta”.

3. Personagens femininas guerreiras e heroicas

 Personagens como Xena (A Princesa Guerreira, 1995), Mulher-Maravilha (Liga da Justiça, 1941), Zafrina (Crepúsculo: Amanhecer Parte II, 2012) e Okoye (Vingadores: Ultimato, 2019) me lembram bastante as sociedades de guerreiras reconhecidas desde eras antigas.

 As Amazonas da Grécia eram um povo guerreiro composto apenas por mulheres, descendentes do deus Ares (deus da guerra) e da ninfa Harmonia, segundo algumas versões. Viviam em regiões afastadas da Hélade — frequentemente associadas ao Ponto Euxino (atual Mar Negro) ou à Escítia.
 Foram descritas como arqueiras habilidosas, cavaleiras excepcionais e ferozes combatentes que rejeitavam a submissão masculina. O mito diz que mantinham relações ocasionais com homens apenas para gerar filhos, e, dependendo da versão, os meninos eram sacrificados, abandonados ou entregues aos pais, enquanto as meninas eram educadas para a guerra.
 Figuras como Hipólita, Pentesileia e Antíope são mencionadas nos mitos, enfrentando heróis como Héracles, Teseu e Aquiles.
 Do ponto de vista simbólico, as Amazonas representam a inversão da ordem patriarcal grega: sociedades regidas por mulheres que subvertem os papéis tradicionais de gênero.
 Hoje, a arqueologia já identificou túmulos de mulheres guerreiras nas estepes citas e sármatas, reforçando que a lenda pode ter raízes em povos nômades reais, cujas mulheres participavam ativamente da guerra.

 As Sacerdotisas de Ártemis - Ártemis, deusa da caça, da lua e da virgindade, tinha diversos cultos espalhados pelo mundo grego, sendo venerada especialmente em Éfeso, onde se erguia o famoso Templo de Ártemis, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo.
As Sacerdotisas de Ártemis — chamadas hieróduloi ou hiereiai — desempenhavam papel central nos rituais da deusa. Entre suas funções estavam: guardar o templo e cuidar de suas riquezas; organizar festivais e sacrifícios, sobretudo relacionados à caça, fertilidade e transições femininas (como a passagem da infância à puberdade); em algumas regiões, conduziam ritos de iniciação para jovens meninas, como no famoso culto de Ártemis Ortia em Esparta ou em Bráurona, na Ática, onde as meninas participavam como “ursinhas” (arktoi) em danças e rituais de transição.
 Ártemis era considerada protetora das mulheres e das parturientes, mas também temida como uma divindade que exigia pureza. Suas sacerdotisas, portanto, simbolizavam tanto a vitalidade da juventude quanto a disciplina do sagrado.

 As Icamiabas, dos povos tupi e nheengaíba, eram descritas como uma sociedade formada apenas por mulheres guerreiras que habitavam a região do Rio Nhamundá, afluente do Amazonas, na divisa entre o Pará e o Amazonas.
 O nome “Icamiaba” pode ser traduzido como “mulheres sem marido” (i = sem; camiaba = marido/esposo), reforçando a ideia de uma comunidade exclusivamente feminina, não é atoa que ela viviam em aldeias próprias, afastadas dos homens. Uma vez por ano, durante a lua cheia, recebiam guerreiros da tribo vizinha Guacaris para rituais de fertilidade. Os filhos homens nascidos dessas uniões eram entregues aos pais, enquanto as meninas permaneciam e eram criadas como guerreiras, perpetuando a comunidade.
 Elas eram hábeis arqueiras e caçadoras, exímias no uso do arco e da flecha envenenada com curare. Defendiam suas terras contra invasores com grande coragem. A tradição dizia que pintavam o corpo com urucum e jenipapo antes das batalhas, transformando a guerra em um ato também ritual.
 Um dos pontos mais famosos de sua história é o “Lago Yaci-uaruá”, conhecido pelos colonizadores como o “lago das esmeraldas”. As Icamiabas realizavam rituais à lua (Yaci) nesse lago sagrado. Daí, teriam vindo pedras verdes consideradas mágicas, chamadas “muiraquitãs” — pequenos amuletos em forma de sapo, peixes ou tartarugas, que elas ofereciam como presentes aos guerreiros amados. Esses muiraquitãs tornaram-se símbolos de proteção, fertilidade e sorte, muito valorizados entre indígenas e mais tarde entre colonizadores.
 Quando os espanhóis chegaram à região amazônica no século XVI, ouviram dos povos nativos relatos sobre essas mulheres guerreiras. Francisco de Orellana, em sua expedição de 1542, afirmou ter enfrentado um grupo de mulheres armadas junto ao Rio Nhamundá — e, impressionado, comparou-as às Amazonas da mitologia grega. Foi daí que surgiu o nome da própria região: Amazônia.

 As Agojie foram uma força militar composta exclusivamente por mulheres no antigo Reino do Daomé (atual Benim, na África Ocidental). Eram chamadas também de “minas” ou, pelos colonizadores europeus, de “amazonas do Daomé”, pela semelhança com o mito grego.
 Criadas por volta do século XVII, inicialmente como uma guarda de elite do rei, elas se tornaram um exército feminino de milhares de guerreiras. Destacavam-se pela disciplina, brutalidade em combate e obediência absoluta ao soberano. Treinadas desde jovens, eram submetidas a exercícios físicos extremos, técnicas de luta corpo a corpo e uso de armas de fogo e lâminas.
 Relatos históricos descrevem as Agojie como combatentes temidas nas guerras contra povos vizinhos e até contra exércitos coloniais. No final do século XIX, enfrentaram os franceses durante as campanhas de conquista do Daomé (1890–1894). Com a derrota do reino, as Agojie foram dissolvidas, mas sua memória permanece viva.

4. Organizações científicas que fazem lavagem cerebral em seus laboratórios secretos

 Organizações fictícias como a Umbrella Corporations (Resident Evil, 1996), Murkoff Corporations (Outlast, 2013), Afton Robotics (Five Nights at Freddy's, 2014) e Delta Theta Gamma Brotherhood (Obscure, 2004) realizavam experimentos em humanos, sendo que alguns até chegaram a utilizar animais como cobaias, boa parte das vezes na intenção de conseguir realizar lavagem cerebral e controlar suas mentes e ações. Isso se iguala bastante ao que conhecemos como Projeto MK Ultra.

 O MK Ultra foi um programa secreto da CIA, iniciado oficialmente em 1953, voltado para controle mental, manipulação de comportamento e técnicas de interrogatório. O projeto envolveu experimentos com humanos, muitas vezes sem consentimento. A lavagem cerebral, uso de drogas psicotrópicas (especialmente LSD), hipnose, privação sensorial e outras técnicas foram testadas.
 Alguns experimentos também envolveram animais (principalmente macacos e cães), usados para estudar implantes e estímulos elétricos no cérebro. Ainda assim, o MK-Ultra não criou super soldados, monstros ou armas biológicas de ficção. O foco era controle da mente e não engenharia genética ou horror biológico.
 Esse projeto maquiavélico foi autorizado pelo então diretor da CIA, Allen Dulles, motivado pela Guerra Fria, ou seja, pelo medo de que soviéticos e chineses estivessem usando técnicas de “lavagem cerebral” (como em prisioneiros de guerra na Coreia). A CIA queria encontrar métodos de controle mental para interrogatório, espionagem e manipulação.
 Os experimentos incluíram: drogas, especialmente LSD, mas também heroína, barbitúricos e  anfetaminas. Foram testadas desde microdoses até doses altíssimas, muitas vezes aplicadas sem consentimento (em presos, doentes mentais, soldados, estudantes e até cidadãos comuns); hipnose e sugestão pós-hipnótica, buscando criar memórias falsas, induzir obediência, ou transformar pessoas em agentes involuntários; privação sensorial, onde sujeitos eram deixados dias em quartos escuros, imobilizados, com ruídos repetitivos ou isolamento total; eletrochoques (ECT) em doses extremas, um método rústico utilizado em hospitais psiquiátricos, algumas vezes resultando em amnésia permanente; implantes e estimulação cerebral em animais, como cães e primatas, para criar comportamentos condicionados via eletrodos; e subprojetos bizarros que contabilizaram 150 ao todo, incluindo pesquisas em ocultismo, percepção extrasensorial (ESP) e até tentativas de manipulação do sono e sonhos.
 Muitos testes foram feitos em instituições psiquiátricas e universidades (sem que os pacientes soubessem). Casos famosos incluem: Dr. Ewen Cameron, no Allan Memorial Institute (Canadá), que aplicou eletrochoques em excesso e drogas em pacientes comuns, destruindo suas memórias.
 Em 1973, o então diretor da CIA, Richard Helms, ordenou a destruição da maior parte dos arquivos do projeto, quando o escândalo começou a emergir. Mesmo assim, em 1975, o Comitê Church do Senado dos EUA revelou fragmentos da operação.
 Como consequência dessas atrocidades, muitas vítimas morreram, enlouqueceram ou tiveram sequelas permanentes. Um exemplo famoso foi o de Frank Olson, uma cientista da CIA que foi drogada com LSD sem consentimento e morreu após cair de uma janela de hotel (caso envolto em suspeitas de assassinato). Em 1995, o presidente Bill Clinton pediu desculpas oficiais às vítimas de experimentos médicos ilegais conduzidos pelo governo, incluindo os do MK-Ultra.

5. Personagens históricos indígenas suavizados para virar atração turística e personagens animados

 Personagens queridos como: Pocahontas (1995), Sacagawea (Uma Noite no Museu, 2006), Gerônimo (Uma Lenda Americana, 1993) e Cochise (The Warriors, 1975), foram inspirados em figuras históricas nativas reais homônimas e que, na nossa realidade, tinham uma vida muito sofrida e nada semelhante com o que era mostrado nas telas dos cinemas.

 Matoaka, Amonute ou Pocahontas, foi retratada na animação de 1995 como uma mulher adulta, livre e independente, que se apaixonou por John Smith à primeira vista. Além disso, o filme retrata os colonizadores como “mal orientados” ou gananciosos, mas não como praticantes de genocídio. O final ainda tem a pachorra de ser otimista, destacando tolerância e amizade, sendo que na vida real Matoaka era apenas uma menina de 10-12 anos quando conheceu os colonos ingleses. Não há nenhuma evidência de um romance entre ela e Smith. O que se conta é que, em certo momento, Pocahontas teria intercedido para evitar que Smith fosse morto — mas há dúvidas se essa história foi inventada pelo próprio Smith. Além disso, a criança foi sequestrada pelos ingleses em 1613, convertida ao cristianismo (batizada como “Rebecca”) e casada com o colono John Rolfe em 1614. Esse casamento foi usado politicamente para criar uma “paz temporária” entre colonos e os Powhatan. Seu destino foi trágico, morrendo jovem, em 1617, aos 20 ou 21 anos, na Inglaterra, em circunstâncias pouco claras (provavelmente doença).

 Sacagawea (Shoshone — EUA) é retratada por Hollywood como a "guia fiel e sorridente" da expedição de Lewis e Clark, mas na realidade, ela era uma adolescente que foi escravizada e vendida como esposa a um homem muito mais velho, e sua participação na expedição estava cercada de limitações e tensões culturais, não de romantismo ou voluntariedade.

 Gerônimo (Apache — EUA) é apresentado em filmes como um guerreiro selvagem ou como um símbolo da resistência heroica "domesticado" para a narrativa americana. Mas ao contrário do que muitos pensam, sua luta foi contra massacres coloniais, deslocamento forçado e principalmente o genocídio de seu povo.

 Cochise (Apache — EUA) é retratado em vários filmes de faroeste como "o índio nobre" que aceita a paz entre os nativos e os brancos, mas na realidade, ele resistiu durante décadas às forças dos EUA, que massacraram seu povo, e só fez acordos após longos conflitos sangrentos.

 Uma coisa que Hollywood sempre foi perito é em apagar as violências reais da colonização (sequestros, estupros, massacres, deslocamentos forçados), tudo apenas para criar narrativas, seja do "índio bom" que coopera, do "índio exótico" que se apaixona pelo colonizador, ou do "índio selvagem" que é derrotados pelos brancos para justificar o avanço do "progresso" da nação.

6. Personagens capturados que sobrevivem com a ajuda de um estranho

 Em vários filmes vemos personagens como Tony Stark e o Doutor Yinsen (Homem de Ferro, 2008), Maria e Edward (João e Maria: Caçadores de Bruxas, 2013), Lúcia e o Sr. Tumnus (As Crônicas de Nárnia: O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa, 2005), Scott Summers e o Professor Xavier (X-MEN 2, 2003), Harry Potter e a Armada de Dumbledore (As Relíquias da Morte Parte 2, 2011) e entre outros, representando o arquétipo do prisioneiro e o do salvador, podendo ter uma forte inspiração na história de soldados capturados que sobreviveram por receberem ajuda.

  Em 2005, no Afeganistão, o soldado americano Marcus Luttrell teve sua unidade massacrada por tropas afegãs, mas graças à ajuda de aldeões pashtuns e suas tradições acerca do acolhimento de pessoas necessitadas, ele foi protegido e depois resgatado.
 Luttrell nasceu em 1975, no Texas, EUA. Ele foi Navy SEAL, integrante de uma das forças especiais mais prestigiadas e duras do mundo. Ficou conhecido mundialmente por ser o único sobrevivente da Operação Red Wings, no Afeganistão, em 2005.
 Sobre essa operação, ela ocorreu em junho de 2005, onde uma equipe de quatro Navy SEALs foi enviada para localizar e neutralizar Ahmad Shah, líder insurgente ligado ao Talibã. A equipe era formada por: Marcus Luttrell, Michael Murphy, Danny Dietz e Matthew Axelson.
 Durante a missão, eles foram descobertos por pastores locais. Nesse momento, houve uma discussão: libertar os pastores (arriscando serem denunciados) ou matá-los (o que ia contra as regras militares e éticas). Eles decidiram libertá-los. Pouco tempo depois, foram emboscados por dezenas de insurgentes talibãs. Após intenso combate, três dos quatro SEALs foram mortos. Luttrell sobreviveu, embora gravemente ferido.
 O que Luttrell não contava era com seu resgate inesperado, sendo encontrado por aldeões pashtuns de uma vila próxima. Mesmo sob risco de represália do Talibã, os aldeões decidiram acolhê-lo. Eles seguiram um código de honra tribal chamado Pashtunwali, mais especificamente a lei da hospedagem/proteção (Nanawatai), que obriga os pashtuns a protegerem qualquer pessoa que peça abrigo, até mesmo inimigos. Assim, Luttrell foi escondido e protegido, recebendo comida, cuidados e apoio até que forças americanas pudessem resgatá-lo.
 Luttrell sofreu traumas físicos e psicológicos profundos, incluindo fraturas, estilhaços e estresse pós-traumático. Ele homenageou constantemente seus companheiros mortos, principalmente o tenente Michael Murphy, que recebeu postumamente a Medalha de Honra, a maior condecoração militar dos EUA, por ter se exposto ao fogo inimigo para pedir socorro via rádio.

7. Personagens que sobreviveram após naufrágios e viveram à deriva

 Em filmes como: Titanic (1997), As Aventuras de Pi (2012), Náufrago (2000), Tempo (2021) e muitos outros, vemos a perspectiva de personagens que passaram por momentos traumáticos ao ficarem à deriva no meio do mar ou em ilhas desertas, e esse clichê claramente foi inspirado em sobreviventes reais.

 Alguns casos reais de sobrevivência no mar ou em ilhas incluem:

 Jose Salvador Alvarenga - Ele dizia ter partido no México em uma pescaria, e após uma tempestade o barco foi levado por correntes. Sobreviveu durante 438 dias, com pesca de peixes, tartarugas, água da chuva, e sangue de tartaruga. Este é o caso mais extremo documentado de “castaway” (náufrago) que ficou mais de um ano no mar. Algumas partes de seu relato são disputadas (se comeu ou não restos de outro tripulante, etc.), mas os elementos básicos são corroborados.

 Poon Lim - Ele era tripulante de navio mercante que foi torpedeado na Segunda Guerra Mundial. Ficou sozinho em uma balsa durante 133 dias, capturando pássaros, peixes, coletou água da chuva. Sobreviveu muito apesar de estar em condições extremamente adversas. Um exemplo famoso, usado em vários textos de sobrevivência.

 Maurice e Marilyn Bailey - Um casal britânico cuja embarcação sofreu avarias. Ficaram à deriva em um bote de borracha no Pacífico durante 118 dias. Enfrentaram fome, dor, tempestades, feridas, exposição. Mostra o que acontece quando há dois sobreviventes — cooperação, esperança, suporte mútuo ajudam bastante.

 Rose-Nöelle - Um trimarã virou devido a uma onda. Os quatro tripulantes sobreviveram durante 119 dias flutuando no cascos, improvisando coleta de água da chuva, pescando conforme possível. Situação parecida ao Náufrago, mas em grupo, o que muda muito no psicológico e na dinâmica de sobrevivência.

 Aldi Adilang - Era funcionário de uma armadilha de pesca flutuante (uma estrutura fixa na água). Uma tempestade rompeu o cabo que prendia a estrutura, ele ficou à deriva depois que os suprimentos acabaram. Sobreviveu durante 49 dias pescando, coletando chuva, improvisando ferramentas, usando fé/prática religiosa para manter a sanidade. Exemplo mais recente; jovem; mostra como habilidades práticas simples + mental forte + improviso podem ser decisivos.

 Romualdo Macedo Rodrigues - Pescador brasileiro: barco começou a naufragar, ele flutuou em um freezer improvisado no Atlântico durante 11 dias, resistiu sem alimento ou água potável, até ser resgatado. Um caso bem “quase náufrago de filme”. A improvisação foi literal — usar freezer como boia, resistir a tubarões por perto, etc.

8. Personagens que realizam massacres em escolas

 Temos ciência de inúmeras obras que beberam do mal cometido contra crianças, adolescentes e professores em escolas ao redor do mundo. Os massacres em ambientes estudantis já foram retratados sendo cometidos por: Tate Langdon (American Horror Story: Murder House, 2011), personagem que, em flashback, invade a escola armado, ecoando diretamente Columbine; Jim Carroll (O Diário de um Adolescente, 1995), embora lançado antes de Columbine, tem cena icônica de um tiroteio escolar em fantasia/delírio, que depois foi muito associada ao massacre; Tyler Down (13 Reasons Why, 2018), personagem que tenta realizar um ataque armado à escola, mas é impedido, clara menção ao medo do "novo Columbine"; e Eric (Elefante, 2003), inspirado diretamente em Columbine, retrata dois adolescentes planejando e executando um massacre em sua escola. Esse clichê é um dos mais batidos do cinema, inspirado no Massacre de Columbine.

 O Massacre de Columbine ocorreu em 20 de abril de 1999, na Columbine High School, Littleton, Colorado (EUA). Os autores foram Eric Harris (18 anos) e Dylan Klebold (17 anos), estudantes da própria escola. Ao todo, foram 12 estudantes e 1 professor assassinados; 21 feridos; além dos dois atiradores terem cometido suicídio.
 Harris e Klebold prepararam o ataque por mais de um ano. Planejaram explodir bombas caseiras na cantina, atirar nos sobreviventes e depois enfrentar a polícia. As bombas falharam; então iniciaram o ataque armado.
 Até então, havia registros de violência escolar, mas Columbine se tornou o massacre mais midiático da história moderna. Após o ocorrido, a polícia — que antes cercava e esperava, agora passou a agir imediatamente para neutralizar atiradores ativos. Além disso, o massacre gerou debate sobre bullying, videogames violentos, música (Marilyn Manson foi acusado injustamente de influenciar os garotos), armas de fogo e a cultura juvenil americana.

 Harris e Klebold sofriam isolamento social, tinham rancor contra colegas e a instituição escolar, mas também apresentavam problemas psicológicos mais complexos (narcisismo, depressão, raiva acumulada), o que nunca deveria ser usado para justificar os crimes cometidos pela dupla, mas sim para tentar traçar uma linha cronológica de acontecimentos (psicológicos ou não) que levaram os dois a fazer o que fizeram.
 Após tudo o que aconteceu, séries, livros e músicas também fazem referências — criando o que muitos estudiosos chamam de "Efeito Columbine", em que novos ataques são influenciados ou inspirados pelo evento de 1999. Depois de 1999, vários ataques em escolas nos EUA e no mundo citaram Harris e Klebold como “modelos” ou “heróis” — um fenômeno de contágio social. A forma como a mídia e a ficção retrataram Columbine acabou romantizando os atiradores para alguns jovens vulneráveis. Por isso, hoje há uma forte discussão sobre como retratar massacres escolares na mídia sem dar notoriedade aos criminosos.

9. Personagens como cientistas loucos que realizam experimentos bizarros

 Personagens como: Charles Montgomery (American Horror Story: Murder House, 2011), William Afton (Five Nights at Freddy's, 2014), Herbert Friedman (Obscure, 2004), Josef Heiter (Centopéia-Humana, 2009), tiveram uma clara inspiração em Josef Mengele, o Anjo da Morte.

 Josef Mengele é particularmente o símbolo do médico que usa sua ciência para a crueldade. Esse arquétipo aparece sempre que vemos um cientista ou médico obcecado por experiências em seres humanos sem ética, manipulando corpos e vidas em prol de um objetivo doentio.
 Mengele nasceu em 16 de março de 1911, na Alemanha (Günzburg, Baviera). Era doutor em Antropologia e Medicina, com interesse especial em genética e hereditariedade. Ele se filiou ao Partido Nazista em 1937 e à SS em 1938. Entre 1943 e 1945, Mengele trabalhou como médico-chefe em Auschwitz-Birkenau, um campo de extermínio nazista. Sua alcunha de “Anjo da Morte” vinha por ele estar na linha de seleção das rampas — decidindo, com um simples gesto, quem iria direto para as câmaras de gás e quem seria usado como cobaia de seus experimentos.
 Mengele acreditava que os gêmeos eram a chave para aumentar os nascimentos arianos e controlar a hereditariedade, e resolveu reunir milhares de pares de gêmeos, especialmente crianças. Ele fazia medições físicas, coletava amostras de sangue, dentes e órgãos. Realizava transfusões cruzadas de sangue entre gêmeos, injeções de substâncias químicas (inclusive tintas nos olhos para tentar mudar sua cor) e até cirurgias sem anestesia. Sempre que um gêmeo morria, o outro era executado para estudo comparativo dos órgãos.
 Mengele ainda colocava prisioneiros em tanques de água gelada para estudar hipotermia. Deixava pessoas expostas ao frio ou calor extremos, sem comida, para medir tempo de sobrevivência. Testava diferentes formas de “reviver” corpos após morte aparente. Aplicava radiação, injeções químicas e cirurgias para esterilizar mulheres e homens. Buscava métodos rápidos e baratos de esterilização em massa de povos considerados “inferiores”.

 Além de tentar mudar a cor dos olhos, Mengele coletava olhos de prisioneiros mortos para estudos anatômicos. Muitas crianças cegaram ou morreram após essas tentativas. Ele ainda criava deformações artificiais em ossos e órgãos, amputava membros de crianças e tentava reimplantar em outras. Tentava “fundir” gêmeos costurando veias e órgãos, criando literalmente “siameses artificiais” (quase todos morreram em dor extrema).
 Mengele injetava tifo, malária, tuberculose em prisioneiros para observar progressão da doença. Muitas vítimas eram deixadas sem tratamento, só para que ele registrasse os efeitos. Ele também  colecionava cadáveres de anões e pessoas com deformidades ósseas. Estava fascinado por como as “aberrações genéticas” podiam ocorrer em raças não-arianas. Famílias inteiras de anões foram usadas como cobaias.
 Há relatos de que ele retirava partes de órgãos de pessoas ainda vivas para observar regeneração ou falência múltipla. Realizou transfusões entre espécies (como de humano para animal e vice-versa) em tentativas bizarras e sem resultado. Misturava sangue de diferentes grupos sanguíneos para “testar compatibilidade forçada”, levando à morte imediata de prisioneiros.
 No final de tudo, Mengele fugiu após a derrota nazista, passando pela Itália, depois pela Argentina, Paraguai e finalmente Brasil. Viveu escondido, protegido por redes simpatizantes do nazismo. Morreu afogado em 1979, no litoral paulista (Bertioga), após um derrame cerebral enquanto nadava. Foi identificado apenas em 1985 por exame de DNA.

10. Personagens detetives alcoólatras, cínicos e solitários

 Conhecemos vários personagens que se alinham a esse clichê, como: Humphrey Bogart (O Falcão Maltês, 1941), John Doe (The Wolf Among Us, 2013), Jim Hopper (Stranger Things, 2016). Personagens estes claramente inspirados em Dashiell Hammett. Muitos policiais e investigadores do início do século XX viviam em ambientes de corrupção, violência e alcoolismo, e escritores noir como Hammett (que foi detetive de verdade na Pinkerton) retrataram esse universo com louvor.

 Samuel Dashiell Hammett nasceu em 27 de maio de 1894, St. Mary’s County, Maryland (EUA). Ele foi um escritor, roteirista e, antes disso, detetive da Agência Pinkerton (famosa empresa de investigações privadas nos EUA). Ele é considerado um dos pais do romance policial noir e criador do arquétipo do “hardboiled detective” – o investigador cínico, resistente, envolvido em tramas de violência, corrupção e moral ambígua.
 Hammett presenciou de perto greves reprimidas, crimes organizados e casos de corrupção. Essa vivência deu material para seus contos e romances, que se afastavam dos “detetives cerebrais” como Sherlock Holmes e traziam personagens mais humanos, falhos e violentos. Em vez de crimes de salão aristocrático, Hammett retratava becos escuros, bares esfumaçados e cidades cheias de gangsters.
 Ele foi simpatizante de ideais comunistas nos anos 1930-40, e serviu no Exército na Primeira e na Segunda Guerra Mundial. Nos anos 1950, durante o Macarthismo, foi perseguido pelo Comitê de Atividades Antiamericanas. Ainda chegou a ser preso por se recusar a delatar colegas escritores, entrando para a lista negra, vendo sua carreira literária ruir.
 O estilo literário de Hammett incluía frases curtas e diálogos ágeis; zero glamour no crime, apenas sujeira e cinismo; detetives que bebem, se envolvem em violência e carregam traumas; ambientação urbana sombria, corrupta e sufocante; mulheres inteligentes, sedutoras e perigosas, parte central do noir.
 Hammett teve problemas sérios com alcoolismo e saúde debilitada (contraiu tuberculose na juventude). Em meio a tantos turbilhões em sua vida, Hammett encontrou conforto através de um relacionamento duradouro que teve com a dramaturga Lillian Hellman, que ficou ao lado dele até sua morte. Ele mostrou que o detetive não era um gênio infalível, mas um homem falho em um mundo podre, lutando contra forças maiores que ele.

Bônus

11. Personagens heroicos que descem por um poste de descida

 Em vários filmes, vemos personagens como: (Skyhigh: Super Escola de Heróis, 2005), Bob Esponja e Patrick Estrela (Bob Esponja: O Filme, 2004) e Batman e Robin (Batman, 1966), utilizando postes de descida para chegarem até lugares secretos. Isso se assemelha muito ao que vemos na vida dos bombeiros.

 Os bombeiros são profissionais treinados para combater incêndios, resgatar pessoas de situações perigosas e prestar primeiros socorros em acidentes, sendo estes, trabalhos que exigem rapidez, coragem e técnica, muitas vezes os obrigando a colocar a própria vida em risco.
 Nas sociedades antigas, como Roma e Grécia, já tinham brigadas improvisadas contra incêndios. Já no século XVII, foram criadas as primeiras corporações organizadas de combate a incêndio em cidades europeias. Enquanto que no século XIX, surgiram bombeiros voluntários em cidades americanas e europeias, combinando organização e equipamentos especializados.
 O poste de bombeiro (fire pole) foi inventado em 1878 em Cincinnati, EUA. Ele era usado com o objetivo do bombeiro descer rapidamente de um andar superior do quartel até os caminhões estacionados no térreo. Antes do poste, bombeiros tinham que usar escadas ou correr pelas escadas internas, perdendo preciosos segundos em emergências.

12. Personagens com aparelhos que controlam o tempo

 Lembram daquele episódio "Tempo Ruim", da animação O Novo Show do Pica-Pau (1999), o protagonista fica entristecido por causa do clima de chuva que atrapalha seu dia de piscina. Porém, o que ele não esperava era que seu vizinho, Leôncio, acaba comprando uma máquina curiosa, capaz de alterar o clima chuvoso para um ensolarado em questão de segundos.
 Essa premissa me fez questionar se isso não teria alguma relação com o chamado Projeto HAARP.

 O HAARP (High Frequency Active Auroral Research Program, ou em português: Programa de Pesquisa Ativa de Aurora de Alta Frequência), se deu início nos anos 1990, em gakona, Alaska, EUA. Esse projeto tinha como objetivo principal estudar a ionosfera — a camada superior da atmosfera que influencia comunicações via rádio, GPS e meteorologia espacial. Ele era operado originalmente pela Força Aérea dos EUA, Marinha dos EUA e Universidade do Alasca.
 O HAARP funciona por meio de um transmissor de ondas de rádio de alta frequência (HF) para emitir sinais direcionados na ionosfera. Esses sinais aqueceriam pequenas regiões da ionosfera, permitindo estudar fenômenos como a reflexão de ondas de rádio, a propagação de sinais de comunicação em longas distâncias e o comportamento das partículas carregadas na atmosfera superior.
 Ao contrário do que algumas teorias da conspiração sugerem, o HAARP não é capaz de criar furacões, tsunamis ou tempestades artificiais. Desde os anos 2000, o projeto vem sendo alvo dessas teorias, que afirmam que ele: Controla o clima, podendo gerar terremotos, furacões ou tempestades, mas isso não tem base científica; Manipula mentes ou comportamentos humanos através de ondas de rádio, sendo que as ondas HF não têm esse efeito no cérebro humano; e serve como uma arma geofísica secreta, como parte da narrativa conspiratória do "projeto militar secreto" (que por si só já é um clichê).


 Chegamos ao fim deste artigo. Agradeço por quem optou por ler até aqui, e peço que me procurem nas redes sociais, como TikTok e Instagram (@delartiel), para ficarem de olho quando sair novos textos e ideias que estou sempre desenvolvendo.
 Mais uma vez, muito obrigado por aguentarem todos os parágrafos, e até a próxima.

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