A História Real de Fears to Fathom: Norwood Hitchhike

  Olá, novamente. Cá estamos nós em mais um artigo atrás do que é real no universo de Fears to Fathom, essa antologia do terror que marcou uma nova geração de games do ramo de histórias tenebrosas. Diferente do último post, onde eu contei sobre a história nada real de Home Alone, este aqui segue no caminho certo daquilo que buscamos como fãs da série: uma história baseada em fatos reais. Desde já, eu agradeço por aguentarem todos os parágrafos, e agora, vamos mergulhar neste que é para mim o mais assustador pesadelo na vida de uma jovem protagonista...

Enredo

 Norwood Hitchhike conta a história de Holly Gardner, uma jovem de 21 anos que, aos 19, passou por uma experiência traumática em sua vida.

 Como uma ávida amante do mundo dos games, ela frequentava muitas convenções de jogos, conseguindo até mesmo a chance de finalmente conhecer um de seus adorados amigos virtuais, Aydan Williams, em um desses eventos, mas para isso ela teria que fazer uma viagem interestadual que a deixaria 5 dias fora de casa e 10 horas no meio da estrada.

 Sendo assim, Holly pediu ao seu pai que lhe emprestasse o carro para ir à convenção, e é claro que ele recusou por não confiar na filha e muito menos em seu amigo estranho, mas ao conversarem pessoalmente, o homem consentiu com a ideia e, para que ele não ficasse ainda mais preocupado, a menina deu o contato de Aydan para que o pai soubesse onde encontrá-los caso algo desse errado.

 Holly então foi ao evento e se divertiu bastante, mas ao começar a viagem de retorno para casa, enfrentou um congestionamento turbulento. Farta de ficar presa no trânsito, ela tomou a pior decisão já vista em qualquer filme de terror: pegar um atalho mais longo e sem carros à sua frente, o que daria em torno de 12 horas dirigindo.

 Durante a viagem, a estrada estava quase deserta, se não fosse por uma única van branca que vinha da direção onde Holly estava indo. Como se não bastasse o anoitecer, subitamente, o carro dá sinal de que a gasolina estava acabando, mas por sorte do destino havia um posto de gasolina mais a frente, chamado Norwood Gas Station.

 Ao entrar na loja de conveniência dali, havia um único cliente de camisa azul olhando as prateleiras, mas ao ser abordado pela jovem, ele apenas a encara sem se comunicar. Com isso, Holly faz uma compra simples, mas logo é questionada pelo balconista de camisa listrada que pergunta se ela estava indo em direção à ponte que havia próximo dali. Intrigada, a jovem dá corda pra manga, querendo saber a razão da pergunta.

 É aí que o homem revela que há mais de um século pessoas vem desaparecendo naquela área, assim como todas que foram em seu encalço. Ele explica que isso fez um causo emergir, de uma criatura chamada "Norwood Valley Monster" que raptava tais viajantes e os pendurava nas árvores de cabeça pra baixo.

 Mesmo sem entender o que o atendente queria com aquela história, Holly agradece e se encaminha para a porta, mas antes, o homem chama sua atenção e a alerta sobre uma moça de vestido branco ou azul que muitas vezes era vista por aquela área pedindo carona, e instrui a jovem a não aceitar ajudá-la de jeito nenhum, pois se tratava de um espírito vingativo. Alguns contam que ela morreu num acidente de carro na noite de sua formatura, outros dizem que ela foi brutalmente assassinada naqueles arredores.

 Após ouvir a história, Holly volta ao homem de camisa azul e pergunta se ele sabia alguma informação sobre o Monstro de Norwood, mas tudo o que ele diz é "BIG MISTAKE" ("GRANDE ERRO"). Confusa, a jovem sai da loja e vai em direção ao carro, até que ela encontra a mesma van branca de antes parada do outro lado da rua, mas a mesma logo engata no acelerador e vai embora na direção em que Holly estava indo. É nessa hora que a mãe da Holly pede que ela comprasse ração pro cachorro e a jovem retorna à loja, só que dessa vez, ao sair para guardar a compra no porta-malas, um carro vermelho passa rapidamente pela estrada na mesma direção em que ela e a van branca estavam indo. Com as suspeitas levantadas, Holly não vê outra escolha senão continuar a viagem.

 De volta à estrada, Holly dirige o suficiente para ficar "tete a tete" com o carro vermelho que havia passado, mas curiosamente o mesmo acelera com intensidade até ser engolido pela escuridão e sumir das vistas da jovem.

 Não demora muito para que ela passasse pela ponte mencionada pelo balconista, mas nada acontece (tirando o fato dos faróis do carro começarem a piscar misteriosamente), até que ela chega numa área de vegetação seca, dando de cara com dois longos troncos de madeira que foram postos no meio da estrada para bloquear o caminho. Como aquela era uma mão única, a suspeita do jogador naturalmente é que foi o motorista do carro vermelho quem fez essa falcatrua... mas por que?

 Holly então sai de seu carro e retira os troncos do caminho, mas ao voltar pro volante e dar partida, o veículo morre e ela fica à deriva no meio do nada. Após um bom tempo de espera, um carro branco passa sem prestar ajuda à Holly, deixando-a cada vez mais apreensiva e sem esperança. Mas isso logo muda quando uma caminhonete branca passa pela jovem e decide parar para ajudá-la, ainda que ela tivesse que deixar o carro de seu pai naquela estrada.

 Sendo assim, Holly põe suas coisas na traseira do veículo e entra para se apresentar ao seu salvador, que era nada mais nada menos que o homem de camisa azul, que ela estranhou na loja de conveniência. Ele se apresenta como Jason, e até que faz a viagem perder o ar bizarro por um tempo, dizendo que não era muito bom em socializar e que esteve atento àquela situação na loja.

 Jason diz que aquele balconista costumava contar sobre o Monstro de Norwood para todos que passavam por lá, e mesmo que não acreditasse no monstro em si por nunca tê-lo visto com seus próprios olhos, desconfiava que havia algo naqueles arredores que dava jus ao ar mórbido que lá pairava, e que o carro da Holly pifar no meio da estrada tinha a ver com isso. Como uma cereja no topo do bolo, o homem ainda diz: "Você não incomoda eles e eles não incomodam você"... mas quem seriam eles?

 No final da carona, Jason deixa Holly em um motel à beira da estrada chamado Roadway Inn, e a instrui em não confiar em ninguém, pois havia todo tipo de pessoa por ali. Assim, a jovem para na entrada do local e vê um aviso de que aquele estabelecimento não estava próprio para habitação, mas claramente o dono não se importava com o que as autoridades achavam ser o certo.

 Sem outra opção, Holly entra e aluga o quarto 9 para passar aquela noite e paga para um tal de Tommy recuperar o carro dela que estava no meio da estrada. A moça então caminha até sua porta, mas ao passar pelo quarto 4, a porta que estava entreaberta se fecha abruptamente, sendo curiosamente o quarto do motorista do carro vermelho. Mas ele não era o único ali, pois podemos ver o carro branco também estacionado. Esse era alguns dos sinais de que Holly estava no lugar errado... e na hora errada.

 Chegando ao quarto número 9, a jovem adentra o local que tinha uma aparência bem vintage e quase inóspita. Havia uma cama sem um colchão, um armário vazio, uma TV passando a animação do Superman, alguns quadros mostrando vultos brancos, o retrato de uma mulher estranha, vegetações que talvez remetessem à flora local... e alguém no banheiro. Ao abrir a porta, Holly levou um susto com um homem chamado Tommy, o funcionário faz-tudo que cuidava das habitações. O cara prepara o espaço e antes de sair avisa que iria trazer o carro dela com o reboque, assim deixando a jovem descansar daquele dia exaustivo.

 Como numa noite qualquer, Holly acorda no meio de seu sono, sem perceber a porta do armário aberta, mas sim dando atenção a um homem tenebroso que a vigiava da janela. Num pulo, a jovem foi até a porta e, ao abrir, flagrou o hóspede do quarto número 4 correndo de volta para seu chalé. Ao segui-lo, Holly viu que havia uma máquina de café logo ao lado da porta e comprou um cappuccino para se manter alerta para o que pudesse acontecer. O que ela não esperava era que, ao beber a substância, seus sentidos fossem afetados pelo que parecia ser algum entorpecente que aquele moribundo injetou nas bebidas. Utilizando o pouco de força que ainda conseguia ter em suas pernas, Holly voltou para o quarto e se jogou na cama sem nem trancar a porta.

 Às 3 horas da manhã, Holly acorda ouvindo um barulho de dentro do armário, e logo recebe a visita de Joe, o recepcionista do motel que a repreende por causar estresse nos outros hóspedes devido a barulhos "sugestivos" vindo do quarto, como se Holly tivesse tido uma noite bem "emocionante" com algum cara... porém, Joe percebe os olhos vermelhos e o estado da jovem que, desacreditada, o leva até o quarto 4 onde encontrou a máquina com café batizado, mas ela não estava mais lá.
 Percebendo o que aquela situação significava, Joe manda Holly voltar para o quarto como um pai enfurecido, e a instrui a tomar os remédios localizados na gaveta da cômoda abaixo da TV, e assim ela o faz, mas antes a moça percebe a porta do armário entreaberta, sem nada lá dentro, e decide voltar para a cama.

 Mais uma vez, Holly acorda no meio da noite desconfiada do que rondava seu quarto, até perceber um flash de uma câmera atravessar a persiana, mas não havia ninguém lá. Ao voltar para a cama, a moça sentia que tinha alguém a vigiando, então ela levanta e vê um maluco parado em frente à porta.

 Holly questiona o que ele queria, mas o cabra tenta ludibriá-la a abrir a porta pedindo sua ajuda, e quando percebe que não iria conseguir o que queria, o homem começa a bater decidido a entrar de qualquer forma. Desesperada, a menina corre para dentro do armário e lá fica em silêncio, até que a porta é arrombada e um cara de camisa branca entra em seu encalço. Ao procurá-la no banheiro, porém, Joe surge na maciota e surpreende o pervertido que é subjugado por ele.

 Após todo aquele pesadelo, Joe pediu que Holly não envolvesse a polícia no caso, para que assim a reputação do motel não fosse ainda mais afetada, mas isso só fez com que ela acreditasse que o local era lar de algum tipo de culto ou facção ligada ao tráfico de drogas... ou algo ainda pior.

Data dos Acontecimentos

 Primeiro de tudo, é óbvio que o Rayll não iria disponibilizar dados tão verídicos para não comprometer a segurança de uma vítima de quase abdução, portanto, tudo o que podemos fazer para entender a datação dos eventos reais do jogo é estipular. Com isso, pensei em encontrar a data em que a tal convenção de jogos aconteceu, assim como a data exata em que o Rayll começou a produzir o segundo episódio, mas infelizmente (ou felizmente, para a Holly) essa informação não foi divulgada até hoje.

 Tudo o que podemos utilizar como base é:

1. O episódio foi lançado em 6 de janeiro de 2022.
2. A personagem Holly tinha 19 anos no momento do ataque.
3. No tempo da narrativa (quando ela conta a história), ela tem 21 anos.
4. Ela participou de uma convenção de jogos, foi uma viagem interstate, voltou dirigindo e começou o evento depois disso. 
5. A wiki de fãs indica que ela nasceu em 1991. Se isso for “oficial” no universo de fãs, é base importante.

 Se aceitarmos o nascimento em 1991 como parte da cronologia fictícia, então em 2022 (ano de lançamento), Holly teria 30-31 anos (dependendo do mês de aniversário), mas na narrativa ela está falando de algo que aconteceu quando tinha 19.

 Se ela nasceu em 1991, então:

• Quando ela tinha 19 anos → isso ocorreria em 1991 + 19 = 2010 (ou parte de 2010/2011, dependendo do mês de nascimento).
• Quando ela tinha 21 anos → que é quando ela narra, isso seria em ~ 2012.

 Então o ataque/experiência narrada (quando ela tinha 19) estaria por volta de 2010. E isso faz sentido se levarmos em conta que o local onde o jogo acontece possui uma aparência antiga, velha, com aparelhos de mais de uma década atrás.

 Alguns possíveis furos ou variáveis que afetam essa estimativa é que a data de nascimento “1991” vem de uma wiki de fãs/trivia, que pode ou não refletir algo confirmado. Além disso, uma viagem interestadual pressupõe um país que possui “interstates” (como os EUA). Se for esse o caso, convenções de jogos nos EUA têm uma história longa, então convenções em 2010 são razoáveis. Uma coisa que já falei aqui é que é possível (ou certo) que o evento fictício não use datas exatas do mundo real, ou misture diferentes épocas para efeito narrativo.

 Com base nos elementos:

• Ano de nascimento: 1991
• Evento traumático: quando ela tinha 19 → ~ 2010
• Momento da narrativa: quando ela tinha 21 → ~ 2012
• Lançamento do jogo: 2022

 Então, se a história for coerente com isso, parece que o evento traumático de Holly teria ocorrido aproximadamente em 2010.

Localização

Norwood - Este é o ponto central da trama, e na verdade apenas trouxe uma enorme complicação pra mim na hora de tentar desvendar a história real. Isso, pois o nome 'Norwood' é comum em uma série de localidades nas Américas e Europa. O nome surgiu devido a descrição de sua localização, que era 'North-Woods', ou seja, "florestas do norte".

 "Norwood" também é o nome de uma cidade em Nova Jersey, Inglaterra e Austrália, bem como de uma comunidade residencial em San Jose, Califórnia, de um município em Ontário, Canadá, e de uma vila no Condado de Norfolk, Massachussets, nos EUA. Quando nos referimos a "Norwood Valley" do jogo, estamos falando da cidade homônima do Condado de Wright, Missouri, nos EUA.

 Seguindo a ideia de que a história real aconteceu em 2010, podemos usar o censo de 2010 que aponta que a população de Norwood naquela época era de 665 habitantes (quase 666, quem diria...).

Norwood Gas Station - É o posto de gasolina que Holly visita durante o game. Curiosamente, na série Supernatural, existe um local bastante parecido, chamado Gas-N-Sip, espalhados ao longo das estradas dos Estados Unidos, onde Sam e Dean frequentemente param antes de iniciar mais uma de suas aventuras atrás de monstros e fantasmas vingativos.

Ponte Assombrada - Este é o local onde é dito que os ataques do Monstro do Vale de Norwood ocorreram. Na vida real, existe sim uma Norwood Bridge, porém, localizada na província de Winnipeg, Manitoba, no Canadá. No entanto, eu particularmente não lembro de ter visto a escultura River Arch nas extremidades da ponte do jogo, o que pode gerar confusão quanto à veracidade da teoria.
 À parte disso, encontrei uma Roadway Inn localizada em Troy, no condado de Montgomery, Carolina do Norte, onde coincidentemente existe uma cidade chamada Norwood, em Stanly County, que é relativamente próxima em termos regionais. Essa cidade está situada na costa oeste do Lake Tillery, entre rios e com certa topografia natural (rios, estradas rurais, etc).
 Norwood (NC) possui diversas pontes segundo registros de infraestrutura de pontes (Bridge Statistics / National Bridge Inventory). Contudo, eu não achei uma prova específica de uma ponte famosa perto do Roadway Inn em Troy que seja associada a lendas ou chamada de "ponte misteriosa/assombrada".
 Alguns sites de distâncias e mapas apontam que Norwood fica a aproximadamente 20 milhas (ou 32 km) de Troy pela NC-109, uma viagem de 30–40 minutos sem paradas. Ou seja, Norwood está na mesma região e é plausível ir de Troy até Norwood de carro em pouco tempo (e vemos que Holly não demorou tanto assim para chegar no Vale de Norwood).
 Além disso, no estado da Carolina do Norte há várias lendas de pontes assombradas, como: Lydia’s Bridge, a lenda do “vanishing hitchhiker” (caroneiro fantasma) em Jamestown/Guilford County, e também existem diretórios e artigos que listam “ponte do choro / Cry Baby Bridges” e outras histórias regionais. Essas lendas são espalhadas por várias partes do estado, mas nem sempre estão associadas a Norwood ou a Troy especificamente.
 Próximo a Troy fica a Uwharrie National Forest e áreas rurais que têm seu próprio folclore (relatos de avistamentos, figuras estranhas, etc.). O itinerário de turismo “haunted trail” da Carolina do Norte menciona localidades assombradas na região central/sul do estado; isso torna plausível que motoristas e moradores locais associem estradas e pontes do condado a histórias sobrenaturais.

Roadway Inn - O lugar onde tudo de pior na vida da jovem Holly aconteceu. Um local que deveria estar fechado para visitações, tombado pelas autoridades locais e tomado pela vegetação. Na vida real, fãs apontam que o local onde de fato os eventos aconteceram foi num tal de "Henning Motel Old Route 66", demolido em 2015, o que nos ajuda a estabelecer o ano dos acontecimentos como sendo de fato 2010.

 O Henning Motel foi construído em 1947 em Newberry Springs, na histórica Rota 66. Após a inauguração da Interestadual 40 em 1973, a Rota 66 foi desviada, o que levou à perda de negócios e ao fechamento do motel.

 Porém, outros usuários acreditam que essa filial da rede Roadway Inn foi inspirada em uma versão real localizada em Troy, na Carolina do Norte, visto que há um lugar bem perto chamado Norwood e uma ponte também próxima dali.

 Já outros usuários alegam que Rayll tinha em mente fazer a trama se passar numa área rural ao oeste de Springfield, no Missouri, simplesmente porque um dos fãs afirmou que uma amiga próxima ouviu sobre coisas ruins que aconteceram por lá, como sequestros, pessoas dopadas e situações parecidas. Ele ainda termina dizendo que se Holly fez uma viagem de 12 horas, possivelmente o Missouri faria mais sentido.

Teorias e Explicações

 Agora, eu irei falar sobre as várias teorias que surgiram e tentar pegar aquilo que de fato faz parte da vida real, e montar uma rede de ideias que podem (ou não) se conectar e, acima de tudo, explicar algumas questões que ficaram em aberto.

O Culto do Vale de Norwood

 De acordo com o que se entende da narrativa do game, esse culto atua há cerca de um século na ponte que leva ao vale, sendo seus membros responsáveis pela abdução e assassinato de viajantes e passantes, muito provavelmente os usando em rituais, sacrifícios ou até tráfico humano.

 O método que se estendeu nos causos locais seria o de desmembramento dos corpos e a suspensão dos restos mortais na ponte próxima ao vale. Tamanha brutalidade logo chamou a atenção dos sensacionalistas de plantão (como o balconista do Norwood Gas Station), que atribuíram tais feitos à uma besta sanguinolenta e de natureza hostil: o Monstro do Vale de Norwood. Essa explicação é a mais lógica, principalmente quando lembramos da existência do Jornalismo Marrom, ou seja, o jornalismo que usa manchetes sensacionalistas e que adoram conceder alcunhas a pessoas que matam sem remorso, como por exemplo:

• A Besta de Jersey (Edward Paisnel)
• O Canibal de Milwalkee (Jeffrey Dahmer)
• O Vampiro de Düsseldorf (Peter Kürten)
• O Monstro dos Andes (Pedro López)
• O Anjo da Morte (Josef Mengele)

 Provavelmente, as vítimas mais comuns do dito culto eram jovens mulheres, o que fez surgir a lenda da Mulher de Branco. Seguindo a narrativa do jogo, é possível que o método do grupo era drogar as moças para assim se aproveitarem de seus corpos logo depois, descartando os restos nos arredores.

 Ainda que soubessem da atuação do culto em Norwood, os moradores locais nunca os denunciaram por medo de sofrer represálias, da mesma forma como Joe pediu que Holly fizesse, o que não o torna parte do grupo de sequestradores, mas sim um dos moradores que mantém a existência dos criminosos em segredo, sendo (mesmo assim) conivente com as ações cometidas.

O Monstro do Vale de Norwood

 Por incrível que pareça, de fato existe uma lenda parecida com a do Norwood Valley Monster, conhecida como o Proctor Valley Monster, que faz parte do folclore californiano. A Proctor Valley Road é uma estrada isolada, de terra, que liga Chula Vista a Jamul, no condado de San Diego.

 O Monstro do Vale Proctor (Proctor Valley Monster) é um criptídeo de uma lenda urbana popular associada a Proctor Valley, Califórnia, sendo uma versão local do "Pé Grande" ou um tipo de Minotauro, descrito como uma criatura grande e peluda com características de boi e um humanoide alto, com cerca de 2,10 metros de altura. A lenda se originou nos anos 1940 com dois garotos que encontraram uma bezerra morta e espalharam a história de um monstro na estrada. A lenda é rica em detalhes, incluindo rugidos aterrorizantes, olhos vermelhos brilhantes e a presença de pegadas gigantes que teriam sido encontradas e até mesmo moldadas. O mais conhecido dos fenômenos estranhos da área, o Monstro do Vale Proctor é um dos muitos contos de fantasmas e mistérios que permeiam a Proctor Valley Road.

 Anos 1940: A história começou com dois garotos de fazendas de laticínios que encontraram um bezerro morto e, para zombar dos adultos, espalharam a notícia de um monstro.
 Anos 1960: Jornais locais começaram a noticiar o monstro, para a irritação dos pecuaristas, o que solidificou a lenda.
 Um dos aspectos mais notáveis da lenda são as pegadas gigantes, das quais o Bonita Museum e o Cultural Center possuem um molde em exposição. A Proctor Valley Road é também associada a outras lendas urbanas, incluindo carros fantasmas, luzes estranhas, ETs e fantasmas.

 Além do monstro, a estrada também está ligada a histórias de uma “Mulher de Branco” (lady in white) ou “Dama Azul”, um espírito feminino que aparece para motoristas desavisados pedindo carona ou atravessando a estrada.

 A estrada é deserta, cercada de mitos sobre desaparecimentos, acidentes, carros que quebram misteriosamente, e encontros paranormais. Isso parece ter inspirado a lenda fictícia do Norwood Valley Monster, ou seja, o que no jogo é um rumor local contado pelo frentista, na vida real é uma lenda de estrada muito popular na região de San Diego.

O Culto de Norwood (Massachussets)

 Já que mencionamos o Vale de Norwood, em Massachussets, vale dizer que há também um culto um tanto quando mórbido atuando por lá: Trata-se do Yellow Deli.

 Essa é uma rede de restaurantes/cafés que serve comida caseira, como sanduíches, saladas, sobremesas e etc, por meio de uma estética acolhedora e até rústica, com celeiros de madeira reciclada e um ambiente tranquilo. A rede é tão famosa que pode ser encontrada em vários lugares do mundo: Estados Unidos, Canadá, Europa, Austrália, Brasil, Japão e entre outros.

 O Yellow Deli está intrinsecamente ligado ao grupo religioso (ou seita) das Doze Tribos ("Twelve Tribes", "Twelve Tribes Community" ou "The Community"). O grupo é conhecido por ser composto por pessoas que vivem em comunidade, partilhando bens, trabalhando de forma coletiva, participando nos negócios do grupo, e sempre buscando proporcionar aos clientes do Yellow Deli um lugar de conforto, reflexão espiritual, hospitalidade e refúgio para aqueles que buscam se aprofundar em questões internas.

 A seita das Doze Tribos segue crenças cristãs fundamentalistas, com base na Bíblia, e vive com uma noção de comunidade muito forte. Seus membros geralmente abandonam empregos comuns, entregam posses, trabalham para o bem da comunidade como um todo, e deixam de lado a ideia de ganhos individuais.

 De um lado, é preciso admitir que a comida e o espaço são verdadeiramente elogiados por aqueles que já visitaram as dependências das filiais, mas ainda assim há várias acusações e investigações de práticas que levantam sérias questões:

1. Acusações de violação de leis trabalhistas — alguns ex-membros ou autoridades dizem que as pessoas que trabalham nos cafés/restaurantes não recebem pagamento ou são mal remuneradas, ou que o trabalho se assemelha a voluntariado obrigatório. 

2. Acusações de abuso infantil — há relatos de ex-membros sobre punições corporais, educação domiciliar estrita, condições de vida bastante rígidas para crianças. Algumas investigações legais em locais distintos consideraram essas alegações. 

3. Doutrina controversa — algumas crenças ou interpretações promovidas pelo grupo são vistas por críticos como racistas, homofóbicas ou misóginas. O grupo contesta essas acusações, dizendo que há mal-entendidos e que incluem pessoas de vários backgrounds.

 Para elucidar bem toda essa história, eu trouxe aqui uma questão levantada por uma usuária do Reddit /Massachussets, que escreveu:

"Então, na semana passada, um primo meu e eu almoçamos no Yellow Deli. E eu achei a experiência incrível (no começo)! A comida era muito boa, as bebidas também, e o restaurante em si tinha uma vibe muito legal. Parecia um lugar genuinamente incrível, além de estar aberto 24 horas por dia. Parecia que eu tinha encontrado um novo lugar! Isso até descobrir que o lugar é comandado por uma seita nojenta e agora não tenho mais vontade de pisar lá. Tenho certeza de que muitas pessoas já tiveram uma história parecida. Então, fiquei curiosa: existe algum lugar como o Yellow Deli que não seja administrado por fanáticos por cultos? Não me refiro apenas à comida. Refiro-me ao design do restaurante, talvez um lugar que fique aberto até tarde e em um ambiente agradável. Qualquer feedback será muito apreciado, obrigado!"

 Como resposta, dezenas de usuários deram seu parecer sobre essa história, sem nem ao menos responder o que a moça queria: uma indicação de um lugar menos suspeito. O que ela recebeu, foram verdades duras e assustadoras sobre o Yellow Deli.

 Um usuário respondeu que, sinceramente, não tinha nenhuma sugestão (o que já mostra o quão único é o estabelecimento), mas em contrapartida preferiu acrescentar um relato particular. Ele conta que há mais de 8 anos atrás costumava ir a um Yellow Deli localizado em Rutland, Vermont, às uma ou duas da manhã. Lá, a surpresa maior foi ser atendido por uma garçonete de 13 anos de idade, trabalhando de madrugada, o que reforçou as alegações de trabalho infantil.

 Outro usuário fez questão de compartilhar um link que levava a um artigo do jornal WBSM, reportando a condenação do líder e ancião das Doze Tribos, Nehemya Smith, por ter abusado sexualmente de uma criança.

 Já outros usuários relatam que a seita fazia uso de um suposto ônibus para raptar crianças, tanto que um ainda relatou ter entrado no veículo quando era pequeno, e que lá dentro os membros tentaram lhe dar biscoitos e chá quente, e que estava uns 15°C aquela noite depois de um show. Por sorte, o usuário não aceitou e teve coragem para simplesmente ir embora dali.

 Ainda sobre o ônibus das Doze Tribos, um usuário informou que costumava ir aos shows da banda Phish desde 1994, e que o veículo sempre estava em todos os shows, tentando recrutar novos membros no evento, mas todo mundo sabia que não se devia entrar naquele ônibus.

 Outro usuário relatou ter sido convidado pelo barista de um Yellow Deli de Ithaca para uma espécie de "casamento em massa" (com mais de um casal a ser unido em matrimônio). Ele conta de forma irreverente que o evento era mais um festival de música, parecido com um fim de semana num acampamento divertido e um casamento envolvendo todos os participantes. Como um adendo, ele menciona que as Doze Tribos costumavam se voluntariar para fazer atendimento médico em pequenos festivais de música (o que se conecta ao outro relato que ocorreu nos shows do Phish). O problema era que nenhum dos membros tinham de fato uma especialização, mas sim um treinamento básico de primeiros socorros. Ele termina dizendo que muitas crianças descontroladas apareciam pedindo ajuda e acabavam no infame ônibus.

 Usuários ainda apontaram que haviam Yellow Delis em Plymouth, Nova York e em Hyannis, na Main Street, e que havia muitas outras seitas operando no estado. Segundo relatos, eles se apresentam convidando pessoas para fazer psicoterapia, meditar, discutir filosofia, aprender artes marciais, sempre algo positivo e inofensivo, mas é tudo uma farsa, pois os membros manipulam os desavisados para passarem sete dias por semana dedicando sua vida e seu dinheiro a eles.

 Uma usuária inocentemente relatou que adorava frequentar o Yellow Deli, e que os atendentes até disseram que ela poderia deixar o próprio filho lá, pois ficariam abertos 24 horas por dia, 6 dias por semana, porém, ela recusou (graças a Deus!). Foi aí que um usuário rebateu dizendo que eles disseram isso porque eles estupravam crianças e exploravam o trabalho infantil, tanto que tiveram que fugir da Alemanha por causa de vídeos que mostravam crianças sendo espancadas com um pedaço de pau por mais de 6 horas, incluindo bebês de apenas 6 semanas!

A Seita de Norwood (Colorado)

 Pois é amigos, como mencionamos que também há uma tal de Norwood em Nova York, infelizmente eu devo lhes dizer que também há um caso de uma seita religiosa que operou numa fazenda bem nessa localidade.

 Tudo aconteceu no ano de 2017, em Norwood, Nova York, Estados Unidos, onde as autoridades expuseram um caso envolvendo a morte de duas crianças e subsequentes condenações de membros. O caso, que teve vários réus, foi conduzido pelo Ministério Público do 7° Distrito Judicial, com o promotor assistente Rob Zentner e Robert Whiting sendo envolvidos na acusação (não como membros do culto).

 As vítimas era Makayla Roberts (10) e Hannah Marshall (8). Elas morreram no verão daquele ano, após serem privadas de comida e água por um membro da seita, Ika Eden, que foi condenada por abuso infantil imprudente, resultando em morte. A sentença de Eden estava prevista para 28 de julho de 2021 e ela poderia pegar uma pena de prisão de 16 a 48 anos.

 Um texto da reportagem judicial detalha bem o julgamento de Eden. Como um resumo do documento, podemos dizer que havia uma seita religiosa itinerante, liderada por Madani Ceus, que se autodenominava “Yahweh” (um dos 72 nomes de Deus). Essa seita acreditava em uma leitura apocalíptica da Bíblia e em “verdades cósmicas” acima das leis humanas.

 Em 2017, eles se instalaram na fazenda de Frederick “Alec” Blair, um novo convertido. A líder declarou que as meninas eram “impuras” e ordenou que ficassem trancadas em um carro estacionado. A ordem era: ninguém podia ajudá-las ou alimentá-las, sob pena de arriscar sua própria salvação espiritual.

 A seita passou a chamar as crianças de “Pink 1” e “Pink 2”, desumanizando-as (em vez de usar seus nomes). As meninas morreram de calor, sede e fome dentro do carro, apesar de haver comida próxima. Seus corpos foram descobertos em setembro de 2017.

 Ika Eden admitiu ter sido uma espécie de cuidadora das crianças, mas disse que apenas “obedeceu a ordens” porque acreditava em consequências espirituais. No tribunal, ela tentou justificar suas ações como parte de um plano divino ou “verdade cósmica”, comparando-se a profetas bíblicos (como Daniel). Ela ainda chegou a afirmar que as meninas eram encarnações de espíritos malignos (“Devil Cain” e “Satan Abel”).

 A criminosa alegou que não agiu com intenção consciente de matar, mas sim seguindo sua fé. Porém, o promotor Robert Whiting argumentou que Ika Eden sabia que as meninas morreriam sem água e comida. A omissão, nesse caso, configura conduta criminosa — deixar de agir quando se tinha responsabilidade. O grupo tinha consenso de que as crianças deveriam morrer e, sendo sincero, crenças religiosas não isentam ninguém da lei.

 Por essa razão, o júri levou apenas meia hora para condená-la. Foi rejeitada a acusação mais branda de “negligência” e confirmado que houve abuso infantil fatal por conduta consciente. A pena prevista era de 16 a 48 anos por cada morte.

 O caso serviu para mostrar o perigo de seitas que desumanizam pessoas em nome de crenças religiosas extremas. A fala da promotoria enfatizou a distinção entre fé pessoal e responsabilidade legal: você pode acreditar no que quiser, mas se isso causa morte ou sofrimento a outros, a lei prevalece. A ideia de que “não fazer nada também é uma forma de agir” foi central — porque Ika Eden ouviu os pedidos de socorro das crianças e, mesmo assim, optou por ignorar.

O Abuso de Holly

 Uma coisa que fica subentendido no enredo é o abuso que Holly sofreu enquanto estava sob efeito da droga que o homem de branco injetou no café. Isso, pois o próprio Joe bate à porta da jovem após receber reclamações de barulhos altos (gemidos) vindo do quarto dela, não é atoa que ele chama ela de 'goon', que pode significar "idiota", "valentão" ou até mesmo (o que faz mais sentido no contexto da situação) "um indivíduo com um vício em atos libidinosos".

A Máquina de Café

 Comentaristas disseram que, se assistirmos ao walktrought do jogo, podemos ver o homem carregando a máquina de café para dentro de seu quarto, enquanto Holly está drogada e indo em direção ao próprio quarto. Pelo fato da imagem ficar tão borrada e difícil de analisar bem, muitos jogadores acabam nem percebendo esse detalhe e considerando o sumiço da máquina algo um tanto irreal.

 Muitos jogadores acharam esse episódio frustrante por conta da ideia de um homem pôr e retirar uma fucking máquina de café do neida, sendo que seria muito mais fácil deixar um pacote de lanche de "cortesia" no quarto da Holly, ou então simplesmente uma cafeteira comum já com café quentinho e batizado.

 Fora isso, ainda há o fato de que, depois de embriagada, Holly não se atentou em (ao invés de ir para o seu quarto) se encaminhar até a recepção e pedir ajuda a Joe, visto que o maldito sabia dos antídotos e medicamentos na gaveta do quarto dela, já esperando o que iria acontecer com aquela pobre garota indefesa. Ainda que ele a avisasse sobre as pílulas para que ela melhorasse, Joe não se aprofundou na explicação para não se intrometer tanto nos assuntos do suposto culto e acabar virando um alvo deles.

 Acima de tudo, o mais frustrante (inclusive, na minha humilde opinião) é o fato de que Holly foi convencida por Joe a não envolver a polícia no caso para não manchar a reputação do motel, sendo que nem aqui nem na China isso seria motivo plausível pra deixar aquele antro de abusadores operar nos arredores e fazer mais vítimas como ela.

 Porém, é bom lembrar que Holly estava drogada e fora de seu estado de espírito, além de ainda achar Joe assustador o bastante para não confiar nele, mudando de opinião logo quando ele foi em seu encalço para ajudá-la contando a localização dos medicamente que reverteria os efeitos nocivos.

 Joe permitiu que o grupo operasse uma rede de tráfico de drogas ou tráfico humano por meio do motel, mas ainda assim não queria que Holly sofresse nenhum dano. Ao ver que ela estava com problemas, o cara inventou que estava recebendo reclamações de barulho por parte dos hóspedes, talvez por ele mesmo ter percebido a entrada do homem estranho no quarto dela, visto que a jovem só encostou a porta e desmaiou na cama, dando brecha para o cara entrar sem dificuldades.

 Indo agora para a parte mais aterradora dessa história, e já mencionada, precisamos falar que fica explícito no jogo que, enquanto Holly está sedada na cama, o homem de branco a está estuprando. Por um momento, o telefone no criado-mudo começa a tocar, Joe se aproxima da porta do quarto, mas antes que a jovem acordasse por completo, o maluco corre imediatamente para dentro do armário.

 No fim, uma coisa que os fãs entram em consenso em relação à história toda é que haviam dois sequestradores (ou talvez três): o homem da van branca e o homem do carro vermelho. Foram eles quem escangalharam o veículo da Holly e a deixaram como última opção passar a noite no motel do grupo.

Um Detalhe Esquecido

 Um usuário do Reddit contou que, durante suas pesquisas atrás de registros oficiais dos eventos ocultos em cada episódio da série Fears to Fathom, ele descobriu uma curiosidade que revelava que Rayll se esqueceu de incluir uma revelação importante sobre o perseguidor da Holly. Na história original que inspirou o episódio 2, Holly reconheceu o homem como sendo alguém que tentou cortejá-la de forma assustadora na convenção de jogos. Engraçado pensar que a única razão pela qual o dev não pôs esse detalhe na obra foi por ter se esquecido disso.

A Convenção de Jogos

 Essa parte é complicada, pois eu fiz uma pesquisa e descobri que teve mais de 20 convenções de jogos nos Estados Unidos em 2010. Como temos Ohio como opção, eu apostaria que foi na convenção Animation & Gaming Ohio 2010 onde a história de Holly começou.

Lista de Convenções de Vídeo Game em 2010

Convenções	Datas	Localização
MAGFest 2010	1-4 de Janeiro	Hilton Alexandria Mark Center Alexandria, VA
U-Con at UConn 2010	5-7 de Fevereiro	University of Connecticut, Student Union Storrs, CT
Queen City Kamikaze 2010	13 de Fevereiro	Manchester Memorial High School Manchester, NH
Con Nooga 2010	19-21 de Fevereiro	Chattanooga Choo Choo Holiday Inn Chattanooga, TN
Con-G 2010	20-21 de Fevereiro	Best Western Royal Brock Hotel & Conference Centre Guelph, Ontario, Canada
Animation & Gaming Ohio 2010	12-14 de Março	Holiday Inn Eastgate Cincinnati, OH
MomoCon 2010	20-21 de Março	Georgia Tech Student Center Atlanta, GA
PAX East 2010	26-28 de Março	Hynes Convention Center Boston, MA
Supanova Pop Culture Expo - Brisbane 2010	9-11 de Abril	RNA Showgrounds Brisbane, Queensland, Australia
Supanova Pop Culture Expo - Melbourne 2010	16-18 de Abril	Melbourne Showgrounds Melbourne, Victoria, Australia
Nerdtacular 2010	8 de Maio	Megaplex Theatres at The District South Jordan, UT
Kogani Video Game Convention 2010	4-6 de Junho	Ramada Rivers Edge Conference Center Roanoke, VA
E3 2010	15-17 de Junho	Los Angeles Convention Center Los Angeles, CA
Minneapolis Anime Convention 2010	18-20 de Junho	Doubletree Hotel Minneapolis-Park Place Minneapolis, MN
Omnicon 2010	18-20 de Junho	Best Western Palm Aire Hotel and Suites Weslaco, TX
Supanova Pop Culture Expo - Sydney 2010	18-20 de Junho	Sydney Olympic Park Sydney, New South Wales, Australia
Q-Con 2010	25-27 de Junho	Queen's University Belfast Belfast, NI, UK
Supanova Pop Culture Expo - Perth 2010	25-27 de Junho	Claremont Showgrounds Claremont, Western Australia, Australia
ConBravo! 2010	July 3-4 de Junho	Holiday Inn Oakville Centre Oakville, Ontario, Canada
ConnectiCon 2010	9-11 de Julho	Connecticut Convention Center Hartford, CT
BroCon 2010	16-18 de Julho	University of Limerick Limerick, Ireland
AVCon 2010	23-25 de Julho	Adelaide Convention Centre Adelaide, South Australia, Australia
QuakeCon 2010	12-15 de Agosto	Hilton Anatole Dallas, TX
Atama Kon 2010 Cancelled	13-15 de Agosto	Ramada Orlando Celebration Resort Kissimmee, FL
Geek.Kon 2010	3-5 de Setembro	Madison Marriott West Madison, WI
PAX Prime 2010	3-5 de Setembro	Washington State Convention & Trade Center Seattle, WA
Intervention 2010	10-12 de Setembro	Hilton Washington DC/Rockville Hotel & Executive Meeting Ctr Rockville, MD
Realms Con 2010	1-3 de Outubro	AmericanBank Center Corpus Christi, TX
EXP Con 2010	8-10 de Outubro	Renaissance Resort at World Golf Village St. Augustine, FL
BlizzCon 2010	22-23 de Outubro	Anaheim Convention Center Anaheim, CA
DFW Hedgehog Show and Sonicon 2010	5-7 de Novembro	Southfork Hotel Plano, TX
ShadoCon 2010	5-7 de Novembro	Crowne Plaza Hotel Tampa East Tampa, FL
Las Vegas Super Con 2010	12 de Dezembro	Henderson Convention Center Henderson, NV
Convenção	Datas	Localização

A História Real Definitiva

 Com base em tudo o que foi apresentado, podemos dizer que essa história toda pode ter acontecido numa época ainda mais remota do que o que eu apresentei, ou seja, todo o texto acima pode não ter nem pé nem cabeça pra falar a verdade... mas por que?

 Bem amigos, um usuário do Reddit apontou para uma teoria que, para mim, parece ter ainda mais sentido. Nesta teoria, que por agora tomaremos como a história real definitiva de Fears to Fathom: Norwood Hitchhike, a história de Holly não foi contada por ela, mas sim por um membro da família dela; e quanto ao local em que tudo aconteceu, não foi no Missouri, mas sim em Ohio; e a história real em si não aconteceu em 2010, mas sim nos anos 70.

 Nessa época, havia um serial killer chamado Larry Ralston. Esse maluco tinha como principais alvos mulheres vulneráveis que ele via pedindo carona nas estradas, as recebendo com um máscara de "homem bondoso", só para logo depois que elas se sentissem seguras, as estuprar e matar, jogando seus corpos nas ruas até que seus restos em decomposição fossem engolidos pela natureza.

 Essa teoria se sustenta ao ser comparada com a trama do jogo, pois nos anos 70 pedir carona não era algo incomum nem tampouco temido como é hoje, pelo contrário, era até socialmente aceitável, visto que esses viajantes optavam por essa modalidade para economizar gasolina e evitar custos com transporte público.

 Além disso, nessa época passou a emergir uma crescente de casos de assassinos em série, como Ted Bundy (que tinha como alvo principal mulheres que pediam carona), John Wayne Gacy (que coincidentemente estuprou, matou e torturou cerca de 33 homens jovens e meninos em um parque perto de Chicago, chamado "Norwood Park") e os Estranguladores da Colina, que eram tão próximos dos dois anteriores quanto o vinho é próximo do sangue.

Convenções de Jogos nos anos 70

 O ano de 1970 foi um período marcado pelo nascimento do Dungeons & Dragons (1974), criado por Gary Gygax e Dave Arneson. Os encontros de RPG ainda eram muito informais, em clubes de guerra, universidades ou lojas de hobby.
 Na década de 70, Gen Con era o maior encontro de entusiastas de wargames e RPGs, acontecendo em Wisconsin, desde 1968. Muitos grupos pequenos que se reuniam nos EUA tinham o Gen Con como referência. 

 Vários clubes de estratégia e ficção científica em universidades americanas (como a UNC Chapel Hill ou Duke University, na Carolina do Norte) serviam de locais para os primeiros encontros de RPG.
 No final da década já via os primeiros arcades (Pong, 1972; Space Invaders, 1978) e também MUDs (Multi-User Dungeons, em 1978), mas isso ainda estava mais presente em campus universitários do que em convenções públicas.

 Além disso, embora o Gen Con fosse em Wisconsin, na época já havia mini-cons espalhadas pelo país, inclusive no Sudeste.

Alguns pontos relevantes:

• Southern fandom cons (sci-fi e fantasia)
  Nos anos 70, muitos encontros de fãs de ficção científica no sul dos EUA já tinham salas de wargames e RPG. Exemplo: StellarCon começou em 1976 em Greensboro, NC (perto de Troy/Norwood). Esse evento misturava sci-fi e os primeiros RPGs.

• A UNC Chapel Hill e a Duke University tinham clubes de ficção científica e fantasia, que nos anos 70 começaram a experimentar com D&D e wargames.

• Lojas de hobby no Sudeste organizavam encontros para wargames (ex.: miniaturas de guerra, Chainmail), que depois migraram para D&D. Esses encontros eram mais informais que uma “convenção”, mas cumpriam esse papel.

 Se a “história real” tivesse ocorrido nos anos 70, ela poderia ser reinterpretada assim:

• Um grupo pequeno de jovens/adultos (como Holly e Aydan) de Troy ou Norwood que foi exposto ao RPG e à ficção científica em convenções regionais (como StellarCon, fundado em 1976 em Greensboro, NC, a menos de 2h de Troy). Também poderiam ter sido influenciados por clubes de universidade (UNC, Duke).

FIM

 Bom, chegamos ao fim de mais um artigo sobre a história real de Fears to Fathom. Peço desculpas se caso os decepcionei com a revelação de que o primeiro episódio não foi baseado numa história real, mas fiz questão de expor alguns casos reais e bastante semelhantes com o proposto pelo Rayll.

 Aqui eu meu despeço. Mais uma vez, muito obrigado por terem aguentado todos os parágrafos (foram muitos!), e até a próxima!

Fontes

Norwood Hitchhike Game Medical Questions, por MockingJ1776, via Doctor Mike, no Reddit.
Norwood Hitchhike discovered things, via Fears to Fathom, no Reddit.Forgotten Story Element in Norwood Hitchhike, por TemporarilyOOO, via Fears to Fathom, no Reddit.
‘Elder' in religious group sentenced on child rape charges in Mass, por Mike Pescaro, via NBC Boston.
Cult groups in Cambridge full version, por Sevak In Da Club, via YouTube.
Fears to Phantom Norwood Hitchhike, via Steam.
Holly Gardner, via Fears to Phantom Fandom.
Any Place in Massachussets that is like Yellow Deli, por 1hym9zj, via Reddit.
Norwood Massachussets, via Wikipédia.
A History of the Yellow Deli, via Twelve Tribes.
The Yellow Deli, Local Restaurant Owned by ‘White Supremacist Cult,’, por Kate Sanders e Jonathan Brand, via The Cornell Dailly Sun.
Norwood, Missouri, via Wikipédia.
Norwood's Gas Stations (Service Stations), via Norwood Historical Society (Norwood, Ohio).
Norwood Gas Station, via The Videogame Data Base.
Swift guilty verdict for final defendant in Norwood cult deaths, via Office of the District Attorney.
‘Cult’-run Yellow Deli gets rave reviews across US as escaped members dish on fear behind closed doors, via Satoji.
There Is A 24-Hour Sandwich Shop In San Diego Owned & Operated By An Alleged Cult, via Sandiego Ville.
Twelve Tribes Communities, via Wikipédia.
Plymouth Cult Member Sentenced to Up to 40 Years in Prison, por Tim Weisberg, via WBSM.
2010 Video Game Convention Listing, via VideoGameCons.
IRONBARK LOOKOUT - THE REAL STORY, por alcmodeon, no fórum Fears to Fathom, via Reddit.
ChatGPT.
Gemini.