10 Criaturas Fantásticas que Habitam o Nosso Mundo


 Com o filme Animais Fantásticos e Onde Habitam, muitas pessoas abriram os seus olhos para o quão magníficos são os seres que vivem em comunhão conosco. Mesmo os humanos são seres místicos e sua maior magia é sua própria mente. Porém, ao adentrarmos o mundo animal, podemos descobrir que não é preciso unicórnios e dragões para nos fazer acreditar que vivemos em um conto de fadas.
 Hoje, eu vim trazer 10 animais fantásticos e onde eles habitam, assim como explicitar aquilo que os torna tão fascinantes ao lado de tantos outros.


Diamante-de-Gould (Erythrura gouldiae)

 O Diamante-de-Gould é uma ave nativa do norte da Austrália que habita regiões de savanas e áreas arborizadas. Ele é conhecido principalmente por exibir uma combinação única de cores vivas, já que sua cabeça pode ser vermelha, preta ou amarela; seu peito pode ser roxo ou lilás; sua barriga é amarela, suas costas e asas têm tons de verde-esmeralda; e sua cauda pode ser azulada ou preta.
 Os machos têm cores mais vibrantes e intensas do que as fêmeas, uma característica comum entre aves que utilizam a plumagem para atrair parceiros. O diamante-de-gould é sociável e vive em pequenos grupos, especialmente fora da época de reprodução. Além disso, ele é sensível a mudanças bruscas de temperatura e condições adversas, o que contribui para sua vulnerabilidade na natureza.
 Os filhotes recém-nascidos dessa espécie possuem "pontos fluorescentes" na boca que brilham no escuro, característica essa que permite que os pais os alimentem durante a noite, mesmo com pouca visibilidade.
 Fora a estética, a plumagem colorida também é um indicativo de saúde e vitalidade. Indivíduos com cores mais brilhantes são vistos como mais saudáveis e têm mais sucesso na reprodução.


Urso-Gato-Asiático (Arctictis binturong)

 O Urso-Gato-Aisático, também conhecido como Binturong, é um membro da família das civetas, habitante das florestas tropicais do Sudeste Asiático, incluindo países como Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia e Vietnã.
 Ele tem um corpo robusto e alongado, coberto por uma densa pelagem negra ou acinzentada; rosto arredondado, com bigodes longos e proeminentes; cauda preênsil extremamente forte e longa, que pode ser usada como um "quinto membro"; garras afiadas e semi-retráteis, adaptadas para subir em árvores.
 O binturong exala um cheiro comparado ao de pipoca amanteigada, sendo produzido por glândulas situadas sob a cauda e utilizado para marcar território e se comunicar com outros indivíduos. Ele é um animal semi-arborícola, passando grande parte do tempo em árvores graças à sua cauda que é fundamental para sua locomoção e equilíbrio enquanto o urso-gato se move entre os galhos.
 Sua alimentação é composta principalmente de frutas (sobretudo figos), além de pequenos animais, insetos e ovos. Essa dieta desempenha um papel importante na dispersão de sementes, contribuindo para a regeneração das florestas.
 Além disso, o binturong é um animal noturno e solitário, sendo mais ativo durante a noite, quando sai em busca de alimento. Por esse tipo de comportamento, esse animal é bastante associado ao mundo espiritual e aos seres que habitam entre os planos físico e espiritual. Para algumas culturas indígenas, o binturong é considerado um guardião das árvores e um símbolo de equilíbrio ecológico Em certas lendas filipinas, animais como o binturong são vistos como mensageiros ou seres intermediários, conectando o mundo terrestre com o espiritual.


Condor-dos-Andes (Vultur gryphus)

 O Condor-dos-Andes é o maior pássaro voador das Américas e um símbolo enraizado na cultura dos povos andinos, sendo uma figura de força, majestade e espiritualidade. Sua envergadura de asas pode atingir até 3,3 metros; e seu peso varia entre 11 a 15 kg, com os machos sendo significativamente maiores que as fêmeas, além de possuírem uma crista carnuda sobre a cabeça, um traço distintivo da espécie.
 Seu corpo robusto e o pescoço são desprovidos de penas e apresentam uma coloração rosada ou acinzentada, o que ajuda a manter a higiene após se alimentar de carniça. Sendo uma ave necrófaga, o condor-dos-andes se alimenta principalmente de carcaças de animais mortos, dieta essa que desempenha um papel essencial no ecossistema, já que ajuda a evitar a propagação de doenças.
 O condor-dos-andes é extremamente longevo, podendo viver até os 70 anos em cativeiro e cerca de 50 anos na natureza. Além disso, ele é um mestre do voo planado, utilizando correntes de ar ascendentes para se manter no ar por horas sem bater as asas, economizando energia e podendo atingir altitudes superiores a 5.000 metros, sendo uma das aves que voam mais alto no mundo.
 A visão extremamente aguçada do condor permite detectar carcaças a grandes distâncias, mesmo em terrenos montanhosos e desafiadores, desempenhando o papel de "faxineiro natural" e ajudando a manter o equilíbrio ambiental.
 Essa ave ainda ocupa um lugar central nas mitologias e culturas dos povos indígenas da América do Sul, como os incas, quéchuas e aimarás, visto que está associada ao Hanan Pacha, o mundo celestial onde habitam os deuses e os espíritos. Além disso, ele é um mensageiro divino capaz de viajar entre os mundos físico e espiritual.


Lagosta-Boxeadora (Odontodactylus scyllarus)

 A lagosta-boxeadora, também conhecida como tamarutaca ou camarão-mantis-pavão, é um crustáceo natural dos recifes de coral e águas tropicais do Oceano Índico e Pacífico. Ele possui uma coloração extremamente vibrante, com tons metálicos de verde, azul, laranja e vermelho, lembrando um pavão.
 Seus olhos são grandes e bulbosos, geralmente com tons de azul ou verde, o que lhe confere uma aparência meio alienígena. Além disso, esses olhos são os mais complexos do reino animal, tendo 16 tipos de receptores de cores (enquanto os humanos têm apenas 3, com as cores vermelho, verde e azul), o que os permite enxergar a polarização de luz, o ultravioleta e um espectro de cores inacessível para a maioria dos seres vivos. Sua visão é independente, o que significa que seus olhos podem se mover de forma separada para explorar o ambiente em várias direções ao mesmo tempo.
 A lagosta-boxeadora pode atingir entre 10 e 18 cm de comprimento, mas ainda que não seja tão grande, ele possui o soco mais rápido do mundo, já que esse crustáceo tem apêndices raptoriais que funcionam como verdadeiros punhos, podendo desferir golpes a uma velocidade de 80 km/h em menos de 3 milissegundos. A força do golpe é comparável a uma bala de calibre .22, sendo forte o suficiente para quebrar vidros de aquários, conchas de moluscos e carapaças de caranguejos.
 O soco do tamarutaca é tão rápido que cria um fenômeno chamado "cavitação", no qual o movimento da água gera pequenas bolhas de vapor que colapsam com enorme energia, criando um choque secundário que libera luz e calor em um microespaço (similar a temperaturas da superfície do sol).
 Seus apêndices raptoriais são feitos de um material extremamente resistente chamado "aragonita", tendo uma estrutura molecular especial que absorve e dissipa o impacto, evitando danos ao próprio corpo.


Mangusto

 O mangusto é um mamífero encontrado na África, sul da Ásia e partes da Europa. Ele tem um corpo alongado e esguio, com patas curtas e uma cauda longa que o ajuda a se equilibrar. Seu tamanho varia entre 24 a 60 cm, com um peso entre 0,5 a 4 kg. Esse animal incrível possui pelagem densa e geralmente acinzentada ou marrom, o que o ajuda a se camuflar em seu ambiente.
 Ele é onívoro, se alimentando de pequenos vertebrados, insetos, ovos, frutas e até carniça, tornando ele um predador versátil em diversos ecossitemas. O mangusto pode ser encontrado em florestas, savanas, áreas rochosas e até em regiões urbanas, graças à sua capacidade de adaptação.
 Sua habilidade mais notável é a de caçar e matar serpentes venenosas, incluindo cobras temidas como a naja. Isso é possível devido sua agilidade extrema, visto que o mangusto é incrivelmente rápido e consegue desviar dos ataques das serpentes com movimentos precisos; assim como sua imunidade parcial a neurotoxinas presentes no veneno de cobras.
 Além disso, algumas espécies de magustos demonstram comportamentos complexos, como o uso de ferramentas rudimentares para quebrar ovos ou conchas. Em grupos, eles desenvolvem sistemas de comunicação com sons específicos para alertar sobre predadores ou coordenar atividades.
 Na Índia, ele é considerado um símbolo de coragem e vitória sobre o mal, aparecendo em contos e fábulas como um herói destemido que protege os humanos contra as cobras; já em algumas tradições hindus, o mangusto está associado á divindade Kubera, o deus da riqueza, representado segurando um mangusto mágico que cospe joias e ouro.


Cimarron Uruguayo

 O cimarrón é uma raça de cão nativa do Uruguai, sendo descendente de cães trazidos pelos colonizadores europeus e adaptando-se à vida selvagem no Uruguai durante o período colonial. Após se tornarem cães selvagens, eles prosperaram nas vastas planícies e áreas rurais, desenvolvendo resistência e habilidades de sobrevivência. Mais tarde, os cimarróns foram domesticados novamente e se tornaram uma raça oficial e símbolo do país.
 Ele é um cão de porte médio a grande, musculoso e robusto, possuindo uma pelagem curta e densa, geralmente em tons de marrom, tigrado ou bege, com manchas brancas no peito.
 O cimarrón é conhecido por ser extremamente leal, corajoso e protetor, sendo um excelente cão de guarda e de trabalho, e amplamente utilizado em fazendas para pastoreio e proteção contra predadores. Apesar da sua aparência intimidadora, ele é um cão equilibrado e afetuoso com sua família. Além disso, o cimarrón é ágil, forte e com uma incrível capacidade de orientação para explorar e caçar, e adaptabilidade para diferentes climas e condições adversas.
 Seu instinto de sobrevivência o fez desenvolver habilidades como a caça em grupo, resistência a longas jornadas e capacidade de encontrar água e alimento em ambientes hostis.


Formiga-Voldemort (Thaumatomyrmex atrox)

 A formiga-voldemort habita as florestas tropicais da América do Sul, especialmente o Brasil. Suas mandíbulas são longas e afiadas, projetadas para fora de sua cabeça e sendo semelhantes a pinças ou foices. Tais mandíbulas são adaptadas para capturar e imobilizar presas, especialmente outros insetos.
 Seu corpo é alongado e escuro, geralmente preto ou marrom-escuro; suas antenas são longas e sensíveis, ajudando a detectar presas e navegar pelo ambiente; já suas patas são adaptadas para segurar firmemente suas vítimas.
 Essa espécie de formiga se alimenta quase exclusivamente de larvas de milípedes, um tipo de presa que muitos outros predadores evitam devido à sua defesa química tóxica, já que suas longas mandíbulas permite que ela  segure a presa à distância, evitando contato direto com as toxinas, imobilizando a larva de forma precisa enquanto a devora. Acredita-se que a formiga-voldemort tenha desenvolvido uma tolerância às toxinas liberadas pelos milípedes.


Aranha-Pikachu (Micrathena Sagittata)

 A aranha-pikachu, mais conhecida como aranha-espinho ou aranha-de-espinhos, é uma pequena aranha encontrada principalmente nas Américas, incluindo o Brasil. Seu nome científico faz referência ao formato de seu corpo, que lembra uma seta (sagittata = "em forma de seta").
 Ela possui um abdômen triangular e alongado, adornado com espinhos afiados e pontiagudos que se projetam para trás, dando-lhe a aparência de uma flecha ou espinho. Sua coloração é vibrante, com tons de amarelo, vermelho e preto, o que serve como um mecanismo de defesa, alertando predadores sobre sua presença.
 A aranha-espinho mede entre 5 a 10 mm de comprimento, sendo as fêmeas maiores e mais vistosas do que os machos. Ela é encontrada em florestas tropicais, matas secundárias e áreas de vegetação densa. Suas teias são geralmente construídas em arbustos e árvores baixas, onde consegue capturar pequenos insetos. Como uma tecelã habilidosa, ela constrói teias orbiculares (em forma de círculo) que são altamente eficazes na captura de presas, uma teia pequena, porém, resistente.
 Sua forma espinhosa e a coloração brilhante de seu corpo servem como um mecanismo de defesa passiva, já que a sua aparência assustadora pode dissuadir predadores, como aves e lagartos, de atacá-la. Enquanto isso, seus espinhos oferecem proteção física, dificultando que predadores a engulam ou a manuseiem.
 Como predadora de insetos, a aranha-espinho desempenha um papel importante no controle populacional de pragas em seu ecossistema.


Borboleta-de-Asa-de-Vidro (Greta oto)

 A borboleta-de-asa-de-vidro, ou simplesmente asa-de-vidro, é encontrada principalmente em florestas tropicais da América Central e América do Sul, especialmente em países como México, Panamá, Colômbia e Venezuela.
 Sua característica principal a transparência de suas asas, o que ocorre devido as escamas microscópicas que cobrem suas asas serem ausentes em algumas áreas, permitindo que a luz passe diretamente através dela. As bordas das asas, no entanto, são opacas e possuem um tom marrom-escuro ou alaranjado, o que ajuda na camuflagem e na identificação entre indivíduos da mesma espécie.
 Essa borboleta tem um tamanho médio, com uma envergadura de asas de cerca de 5 a 6 cm, além de ter um corpo esguio e delicado, adaptado para voos leves e rápidos. Suas asas transparentes funcionam como uma defesa natural contra predadores, pois a tornam extremamente difícil de ser detectada em meio à vegetação. Além disso, a transparência ajuda a evitar sombras perceptíveis, um fator que poderia denunciá-la durante o voo ou repouso.
 Durante a fase de lagarta, a asa-de-vidro se alimenta de plantas tóxicas como a erva-moura, acumulando toxinas em seu corpo e o tornando desagradável ao paladar de predadores, funcionando como uma defesa química.
 Os machos da  espécie realizam uma dança de voo elaborada para atrair as fêmeas, destacando sua resistência e habilidades aéreas.


Besouro-Bombardeiro (Brachinus spp.)

 O besouro-bombardeiro tem tamanho médio, com cerca de 1,5 a 3 cm de comprimento, e seu corpo é geralmente de cor preta ou marrom-escura. Suas antenas são longas e finas, e suas asas são curtas, o que limita seu voo, mas elas são suficientes para que ele se mova rapidamente pelo solo. Ele tem um corpo robusto, com uma aparência compacta e uma carapaça que o protege.
 Ele é conhecido por sua habilidade de explodir em defesa própria, liberando uma substância química quente e venenosa. Tais substâncias são duas: hidroquinona e peróxido de hidrogênio, que são armazenadas em compartimentos separados.
 Quando o besouro se sente ameaçado, ele mistura essas substâncias em uma câmara de reação, onde ocorre uma reação química que gera gases quentes e químicos tóxicos. Isso resulta em uma explosão que libera um jato de substâncias quentes (cerca de 100°C) que podem atingir até 20 cm de distância. O som dessa explosão pode ser ouvido a uma certa distância e serve para afastar predadores e ameaças, como pássaros, répteis e outros insetos, podendo causar danos severos aos predadores, irritando suas mucosas e prejudicando sua visão e olfato.
 Esse besouro é resistente ao calor gerado pela explosão e pode repetir esse processo várias vezes. Sua anatomia interna é adaptada para resistir a essas altas temperaturas sem sofrer danos.
 Os machos da espécie realizam uma espécie de "dança de corte" para atrair as fêmeas, envolvendo movimentos rápidos e saltos, utilizando o mecanismo de explosão como parte do ritual.

Postar um comentário

0 Comentários