Minha experiência com Devaneio Excessivo

 

 O Devaneio Excessivo é uma condição psicológica onde o indivíduo possui uma imaginação muito forte que se assemelha parcialmente à realidade, atrapalhando muito em diversos aspectos de sua vida. Possui diversas causas, podendo ser de origem mental, emocional, neuroquímica, entre outros.

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 Descobri que tenho Devaneios Excessivos há alguns anos e depois que descobri, isso só respondeu várias perguntas que eu tinha sobre mim mesmo. Meus devaneios surgem geralmente quando meu corpo está parado. Quando estou me exercitando, fazendo faxina ou algo que mantém meu corpo em constante trabalho, os devaneios cessam. Também surgem em massa quando estou com algum problema emocional: raiva, angústia, tristeza, ou um simples tédio.

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 Vendo alguns vídeos de pessoas com Devaneios Excessivos, descobri que a maioria delas (senão todas) possuem uma conexão forte com a música. Componho músicas desde criança, sendo que a primeira que compus foi um jingle para a marca de sabonete Lifebuoy (que era tosca, muito tosca). Já compus 18 músicas e tenho mais 27 para terminar de compor. Se não me engano, o tempo mínimo em que compus uma música foi 28 minutos. Na maior parte das vezes, consigo compor uma música inteira em um dia apenas, é raro passar disso.

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 Além disso, continuando o assunto sobre música, todas as pessoas com Devaneios Excessivos falam que o maior gatilho para seus devaneios surgirem é a música, e eu confirmo isso. Sempre que estou na rua, caminhando na orla, deitado, usando o computador e com os fones no ouvido, os devaneios surgem instantaneamente. Muitos de nós possui, claramente, aptidões artísticas que se manifestam desde cedo (como eu com minhas composições e desenhos aliás). Eu sempre desenhei desde criança e tenho como sonhos principais aqueles que envolvem a arte, como: me tornar um ilustrador profissional, cantor e escritor best-seller.

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 É sabido que os que têm Devaneios Excessivos usam seus devaneios como um escape para fugir da realidade. Os devaneios alteram nosso humor e preenche lacunas em nossas vidas que não lidamos bem sem eles, como a solidão, a falta de contato humano e sexual, a ansiedade e o stress.

"Todos os indivíduos que sofrem de devaneios excessivos afirmam que a finalidade do devaneio é dupla: desconexão da dor provocada pela vida e transformação da má sorte da vida em experiências desejáveis." - Eli Somer (Maladaptive Daydreaming: A Qualitative Inquiry)

 

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 Uma coisa que ocorre muito quando estou tendo devaneios é eu atuar exatamente como no devaneio. Se no devaneio eu rio muito, eu também rio na realidade; se eu choro muito no devaneio, eu choro muito na realidade; se eu estou na rua e nos meus devaneios tem uma horda de zumbis correndo atrás de mim, eu começo a andar mais rápido na vida real. E isso também se estende às músicas que eu ouço. Quando escuto uma música, eu começo a atuar, gesticular e expressar corporalmente como se fosse eu que estivesse cantando (eu não sei cantar), eu imagino como se eu estivesse gravando um videoclipe. Isso também se estende a filmes, séries ou qualquer vídeo da internet. Quando assisto um vídeo, também atuo como se fosse eu dentro da tela gravando. Quando a pessoa do vídeo ri aleatoriamente, eu rio junto como parte da atuação.
 Uma coisa que acredito ser um sintoma muito comum em pessoas com Devaneios Excessivos é o paracosmo, um mundo imaginário carregado com as emoções e pensamentos do indivíduo. O criador de um paracosmo tem uma profunda relação com seu próprio universo, incorporando elementos do mundo real junto a personagens e convenções imaginárias. Um paracosmo pode apresentar geografia, história e linguagem próprias, sendo uma experiência frequentemente desenvolvida durante a infância e continuando por um longo período de tempo, meses ou até anos (no meu caso), tornando-se uma realidade capaz de adentrar à fase adulta.
 Além disso, eu costumo fantasiar diálogos que tive com alguém. Se eu grito com a pessoa no meu devaneio, ou bato, ou rio, eu atuo como se realmente tivesse alguém na minha frente falando comigo, mas não tem.

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 Infelizmente, ainda não foi desenvolvida nenhuma ferramenta de diagnóstico oficial para diagnosticar o Devaneio Excessivo, porém, existe a Escala de Devaneio Excessivo, que trata-se de um questionário de autoanálise de 14 itens desenhado para examinar o paciente. O questionário é válido, porém, diagnósticos só são determinados com base em entrevistas estruturadas e conduzidas em ambiente clínico.
 É comum um indivíduo com devaneios excessivos ser diagnosticado com esquizofrenia, mas acontece que, diferente de um esquizofrênico, um devaneador (ou sonhador) tem plena certeza de que as imagens em sua mente não são reais e que é tudo uma fantasia, ou seja, sabemos diferenciar a fantasia da realidade.
 É preciso frisar que o Devaneio Excessivo não é reconhecido oficialmente como um transtorno psicológico, não tendo também um tratamento oficial.
 O Devaneio Excessivo me tira o foco, mas pior que isso, torna minha memória limitada. Minha mãe veio me visitar segunda-feira e foi embora quarta, ou seja, faz só dois dias que ela esteve aqui, e eu já não lembro mais o rosto dela. Quando me forço a lembrar, o que aparece é um rosto invisível, porém turvo. É como se estivesse invisível mas, por conta do aspecto turvo, eu conseguisse ver um contorno de sua face. Tenho perda de memória muitas vezes na semana, e junto à facilidade de perder o foco em algo, acaba se tornando bem estressante. É por isso que o Devaneio Excessivo acaba sendo visto também como um TDAH, mas não é.

"Espectro de sonhos perdidos
no tempo atordoam-me."
                          - H. S. Gabell

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Fontes

Wikipédia: Devaneio Excessivo
Psicólogo: Devaneio Excessivo